13/07/22
É
POSSÍVEL PRODUZIR HORTALIÇAS DE FORMA ORGÂNICA?

Pesquisadores da UFSM afirmam
que a prática vem crescendo cada vez mais, se mostrando
uma alternativa saudável para o consumo de alimentos.
A produção
dos alimentos de maneira orgânica é uma forma
saudável e com menos acúmulo de resíduos
químicos-sintéticos, usados, na maioria dos
casos, no sistema convencional de agricultura. Dentre os produtos
cultivados organicamente estão as hortaliças,
que tem se desenvolvido de forma rápida nos últimos
anos. De acordo com a Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura, os
maiores países produtores de hortaliças orgânicas
são: Áustria com 21,3%; Suécia com 18,1%;
Suíça com 14,4%; Itália com 14,2%; Finlândia
com 10,5% e Alemanha com 8,5% de sua área agricultável.
O que são
hortaliças:
As hortaliças são plantas herbáceas das
quais uma ou mais partes são utilizadas como alimento
na sua forma natural. Aqui no país, o cultivo de tipos
de hortaliças já era feito pelos indígenas.
Assim, plantas como mandioca, milho, batata-doce, cará
e taioba eram cultivadas antes da chegada dos portugueses.
Depois de 1500, muitas espécies de plantas da alimentação
lá na Europa foram trazidas ao Brasil. Para os professores
Claudio Fioreze e Rafael Ricardo Cantú, é possível
sim produzir hortaliças de forma orgânica - uma
prática que pode trazer benefícios ao produtor
e o consumidor. Segundo a Associação Brasileira
das Centrais de Abastecimento, que leva em consideração
as partes utilizadas na alimentação humana,
as hortaliças se caracterizam em:
Hortaliças
tuberosas
São aquelas cujas partes comestíveis estão
abaixo do solo. Exemplos: tubérculos (batatinha, cará),
rizomas (inhame), bulbos (cebola, alho) e raízes tuberosas
(cenoura, beterraba, batata-doce, mandioquinha-salsa).
Hortaliças
herbáceas
São aquelas cujas partes utilizadas na alimentação
humana estão acima do solo: folhas (alface, taioba,
repolho, espinafre), talos e hastes (aspargo, funcho, aipo),
flores e inflorescências (couve-flor, brócolis,
alcachofra).
Hortaliças-fruto
Utiliza-se o fruto, verde ou maduro, todo ou em parte: melancia,
pimentão, quiabo, ervilha, tomate, jiló, berinjela,
abóbora.
No Brasil, a Região
Sudeste destaca-se como a maior produtora com uma área
em torno de 330.000 ha de produção de orgânicos.
A Região Sul, apesar de uma grande quantidade de pequenos
produtores, cultiva apenas 38.000 ha com orgânicos.
Todavia, a prática está em crescente expansão.
Estes dados da ONUAA indicam um campo de trabalho ainda vasto
a ser explorado com a produção de orgânicos,
sejam hortaliças ou frutíferas.
No meio rural,
a produção orgânica de hortaliças
é uma das principais formas de geração
de renda e trabalho, além de proporcionar melhor condição
de vida aos produtores, conservar o meio ambiente, sem contaminar
a água, o solo, a planta, o produtor e consumidor.
Para o professor Cláudio Fioreze, doutor em Ciência
do Solo, consumir produtos orgânicos locais é
uma maneira de incentivar as pequenas produções
e valorizar o meio ambiente. Ele menciona que há várias
maneiras de procurar por estes alimentos mais saudáveis,
como em feiras livres, grupos de WhatsApp e os chamados "CSA",
que são comunidades que sustentam agricultores ecológicos.
Paralelamente, o professor menciona que há necessidade
de um maior incentivo público à ações
como estas, valorizando a relação direta produtor-consumidor.
Incentivos à feiras, capacitações e assistências
técnicas são indispensáveis para o comércio
dos produtores e auxiliar consumidores a adquirirem produtos
mais saudáveis.
Segundo o professor
Cláudio, a forma de identificar uma hortaliça
orgânica, é por meio do Certificado de Produtor
Orgânico. Existe, atualmente, uma legislação
que regula as normas para produção orgânica
e os mecanismos de fiscalização. A Lei 10.831,
de 23 de dezembro de 2003, estabelece o que é um sistema
de produção orgânica e define também
as suas formas de certificação, sejam participativas
ou por auditorias.
O pesquisador
Rafael Cantú, explica que a produção
orgânica pode contar com duas grandes aliadas: a adubação
orgânica e a adubação verde. A primeira
é constituída por resíduos, principalmente
animais. A adubação verde, também é
muito eficiente, sendo capaz de recuperar nutrientes que estão
no fundo do solo e trazer à superfície. Um exemplo
é o nabo forrageiro, que possui raízes mais
profundas e tem capacidade de fixar o nitrogênio do
ar. A ervilhaca também é um exemplo. É
uma leguminosa que extrai o nitrogênio do ar. Os agentes
de controle biológico também são usados
na agricultura orgânica para combater possíveis
pragas. As joaninhas, vespas, ácaros e fungos são
exemplos de espécies que realizam esta função.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista de comunicação da Ciência
Rural
08/06/22
LESHIMANIOSE
É UMA DAS DOENÇAS ANIMAIS QUE PODEM SER EVITADAS

Transmissão para o
homem e outros animais acontece por meio do mosquito palha
Negligenciada por muitas pessoas, a Leishmaniose é
uma doença infecciosa, mas não contagiosa, propagada
por parasitas do gênero Leishmania. A transmissão
para o homem e outros animais ocorre principalmente pela picada
do mosquito palha, contaminado. A doença pode aparecer
de duas formas: leishmaniose tegumentar, que ataca a pele
e as mucosas, e leishmaniose visceral, que ataca órgãos
internos.
Atualmente ainda
não existem vacinas contra a leishmaniose humana. As
medidas mais utilizadas para a prevenção e o
combate da doença se baseiam no controle de vetores
e dos reservatórios, proteção individual,
diagnóstico precoce e educação em saúde.
Conforme informa
o médico veterinário Luís Antônio
Sangioni, desde 2011 são registrados casos em Santa
Maria. Em São Borja e Porto Alegre, casos anteriores
a 2017 também foram registrados. Casos desenvolvidos
em humanos só foram registrados em 2020.
Transmissão:
A leishmaniose
é transmitida por insetos hematófagos, isto
é, que se alimentam de sangue, como é o caso
do mosquito palha. Eles apresentam cor amarelada com muitas
cerdas no corpo e asas. Costumam ser encontrados em lugares
úmidos, escuros, onde existam muitas plantas.
Luís Antônio
Sangioni, médico veterinário, explica que o
mosquito se contamina quando suga o sangue de um indivíduo
infectado. Para entendermos melhor, o professor Sangioni ressalta
que há uma diferença entre contaminação
e infecção. No caso da Leishmaniose, os vetores
- os mosquitos, são os contaminados. Já os animais
e humanos, após picados pelo mosquito, são infectados.
As fontes de infecção
das leishmanioses são, principalmente, os animais silvestres
e os insetos flebotomíneos que abrigam o parasita em
seu tubo digestivo, porém, o hospedeiro também
pode ser animais comuns ao convívio humano como cão
doméstico e o cavalo.
A doença não é contagiosa nem se transmite
diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para
outro, como informa o médico veterinário. A
transmissão do parasita ocorre apenas através
da picada do mosquito fêmea infectado. Na maioria dos
casos, o período de incubação é
de 2 a 4 meses, mas pode variar de 10 dias a 24 meses.
Sintomas:
Sangioni explica
que há diferenças nos sintomas da Leishmaniose
visceral e cutânea.
Leishmaniose visceral: febre irregular, prolongada;
anemia; indisposição; palidez da pele e ou das
mucosas; falta de apetite; perda de peso; inchaço do
abdômen devido ao aumento do fígado e do baço.
Leishmaniose cutânea ou tegumentar: duas a três
semanas após a picada pelo flebótomo aparece
uma pequena úlcera (cavidade na pele) avermelhada que
vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta
por crosta ou secreção purulenta. A doença
também pode se manifestar como lesões inflamatórias
nas mucosas do nariz ou da boca.
Diagnóstico
e Tratamento:
O diagnóstico
da leishmaniose é realizado por meio de exames clínicos
e laboratoriais e, assim como o tratamento com medicamentos,
deve ser cuidadosamente acompanhado por profissionais de saúde.
Sua detecção e tratamento precoce devem ser
prioritários, pois ela pode levar à morte, alerta
Sangioni.
Para os cães
acometidos pela doença, já existe tratamento
autorizado no país, conforme Nota Técnica nº
11/2016, devendo ser prescrito e acompanhado por médico
veterinário.
Prevenção:
fazer dedetização,
quando indicada pelas autoridades de saúde;
evitar banhos de rios ou açudes localizados
perto de mato;
utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas
de áreas onde há a doença;
usar mosquiteiros para dormir;
usar telas protetoras em janelas e portas.
Outras medidas
importantes são manter sempre limpas as áreas
próximas às residências e os abrigos de
animais domésticos, realizar podas periódicas
nas árvores para que não se criem os ambientes
úmidos e propícios à disseminação
do mosquito, além de não acumular lixo orgânico.
TaylineManganeli
Bolsista de comunicação da Ciência Rural
09/05/22
NANOTECNOLOGIA:
UMA REALIDADE NA MEDICINA VETERINÁRIA
Entre as
vantagens está a melhoria da eficiência terapêutica
e a redução do custo do tratamento farmacológico
A nanotecnologia
veio para ocupar um papel fundamental de maior impulso à
ciência no século XXI. Ela pode ser aplicada
nas diferentes áreas do conhecimento que precisam cada
vez mais da nanoescala, seja para propriedades químicas,
mecânicas, magnéticas, eletrônicas ou óticas.
Dentro da medicina veterinária não é
diferente, a aplicação da nanotecnologia no
campo de medicamentos e vacinas para animais promete impactos
positivos.

Para entender
melhor:
Um nanômetro equivale à bilionésima
parte de um metro. Ou seja, a nanotecnologia trabalha com
partículas minúsculas que fogem dos olhos humanos.
Essa tecnologia
em ascensão, ganhou notoriedade nos anos 2000, como
informa a doutoraSônia de Avila Botton, professora no
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, do
Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de
Santa Maria. Segundo ela, a nanotecnologia é vista
como uma alternativa promissora no atual contexto de inovação
brasileira.
Seja envolvendo
a saúde animal, o diagnóstico e o uso terapêutico
no controle de doenças em medicina veterinária,
a nanotecnologia é um campo da ciência que organiza
as estruturas em nano escalas, ou seja, no tamanho que vai
de 1 a 100 nanômetros. Uma pesquisa realizada pela doutora
Sônia Botton e Lara BaccarinIaniski, mestre em Ciências
Farmacêuticas, analisou a aplicabilidade dessa tecnologia
na medicina veterinária de 2013 a 2020. Na pesquisa,
constatou-se que o uso da nanotecnologia na área ainda
é incipiente, mas pode ser vista de maneira positiva.
As pesquisadoras salientam que vários pontos devem
ser analisados, incluindo alguns efeitos adversos e implicações
para validar o uso seguro da nanotecnologia na medicina veterinária.
Assim como para
humanos, a nanotecnologia na medicina veterinária tem
possibilitado tratamentos de última geração.Na
pesquisa de Botton e Ianiski, percebe-se que a passagem de
nanopartículas para locais específicos pode
ocorrer de forma passiva ou ativa por meio de vetorização.
Na chamada vetorização ativa, o mecanismo de
ação é devido ao acoplamento de uma porção
de direcionamento (ligantes específicos). Todavia,
na forma passiva, o mecanismo é suportado pelas propriedades
da molécula nanoestruturada. A combinação
da vetorização passiva com a vetorização
ativa pode potencializar o efeito, aumentando assim a eficácia
do tratamento.
Benefícios
da nanotecnologia:
A farmacêutica
Lara menciona que a nanotecnologia é capaz de reduzir
resíduos farmacológicos, como por exemplo os
antibióticos. Na pesquisa realizada, constatou-se que
as formulações de nanopartículas requerem
doses terapêuticas mais baixas do que as drogas convencionais.
Essa característica é muito importante na medicina
veterinária, isso porque permite menores doses de medicamentos
e favorece a redução dos resíduos de
fármacos, especialmente antimicrobianos em carcaças
e outros produtos de origem animal. Além disso, Lara
afirma que é possível observar uma redução
significativa no custo do tratamento.
Outro benefício
apontado pela farmacêutica, tem relação
com a conservação de produtos. Embalagens fabricadas
a partir da nanotecnologia prometem evitar e/ou dificultar
a proliferação de microrganismos.
No diagnóstico
por imagem, a tecnologia também é uma aliada.
As nanopartículas aumentam a resolução
das imagens, aumentando assim a sensibilidade e a rapidez
de detecção das lesões.
Por meio do trabalho,
Sônia e Lara constatam que a nanotecnologia pode gerar
vários benefícios para diferentes áreas
da indústria e da ciência, incluindo humana,
animal e ambiental. Dentro da medicina veterinária,
o uso de nanoestruturas na farmacologia e imunologia é
promissor, demonstrando muitas possibilidades, desde aplicações
básicas, até as mais complexas. As pesquisadoras
ressaltam que o assunto carece de estudos para validar seu
uso seguro na veterinária. Portanto, aspectos relacionados
à ecotoxicidade e a bioacumulação de
nanopartículas em animais devem ser avaliados para
garantir a segurança dessas substâncias nanoestruturadas.
Em relação
às perspectivas futuras, as pesquisadoras acreditam
que maiores investimentos em ciência e tecnologia são
fundamentais para contribuir para o avanço e fortalecimento
da nanotecnologia no Brasil e, principalmente, dentro da medicina
veterinária.
TaylineManganeli
Bolsista de comunicação da Ciência Rural
05/04/22
INOVAÇÃO
CONTRA A POLUIÇÃO: SAIBA COMO MÉTODOS
NATURAIS PODEM AJUDAR NA DESCONTAMINAÇÃO DE
SOLOS

Técnica promissora
ajuda no tratamento do solo e água, sendo capaz
de descontaminar ou despoluir até mesmo grandes áreas.
Os resíduos
gerados pela atividade humana e industrial, quando despejados
incorretamente, afetam os ecossistemas naturais, poluindo
os recursos hídricos e degradando o solo com substâncias
tóxicas. O derramamento de petróleo e seus derivados,
a aplicação de agrotóxicos e a dispersão
de metais pesados são exemplos. Essas atividades resultam
em diversos problemas ambientais. Atualmente, a biorremediação
é vista como uma saída para a descontaminação
dessas áreas afetas.
Há algum
tempo, a única solução encontrada para
a reconstituição das áreas afetadas consistia
na coleta e retirada de material contaminado, destinado muitas
vezes de forma incorreta. Essa prática, além
de ser cara, pode ocasionar a contaminação de
outra área durante o transporte do material ou sua
deposição.
Nesse contexto,
a biorremediação é uma técnica
que favorece o meio ambiente porque utiliza organismos vivos,
como bactérias, fungos e plantas para reduzir ou remover
um contaminante de determinado local. Rodrigo Jacques, Engenheiro
Agrônomo e professor do Departamento de Solos da UFSM,
afirma que além de não ser cara, é uma
tecnologia baseada em processos naturais, amigável
com a natureza: "já é um processo que ocorre
na natureza de forma rotineira, todo o processo já
era realizado por esses microrganismos, a diferença
é que acompanhamos e selecionamos as espécies
capazes de realizar a descontaminação com maior
eficácia", completa o professor.
Passo a passo
da biorremediação
O processo que
utiliza organismos vivos para fazer a descontaminação
do ambiente, realiza a quebra das substâncias tóxicas
com a ajuda de enzimas. Como relata o professor Rodrigo, todo
o processo é acompanhado por técnicos capacitados
que realizam avaliações a partir da coleta de
amostras por determinado tempo.
A biorremediação
é capaz de reduzir o impacto dos poluentes orgânicos
no solo através dos processos metabólicos de
bactérias e fungos, que transformam os materiais contaminantes
em fontes de energia e carbono para o seu crescimento.
Jacques explica
que para o processo ocorrer, o primeiro passo é encontrar
no meio ambiente os chamados microrganismos degradadores.
Nesta etapa, os técnicos realizam uma visita à
uma área contaminada com o mesmo poluente e retiram
uma amostra do solo. A partir disso realizam no laboratório
a seleção e a produção dessa espécie
em grande escala. Esse método produzirá inoculantes
- substâncias concentradas de microorganismos.
Com o material
pronto, o solo a ser despoluído será pulverizado
com inoculantes. É necessário estar atento às
condições favoráveis do solo para a proliferação
da espécie degradadora, dentre elas, a umidade da terra.
Para conter a
poluição inorgânica, causada pelos metais
pesados, é necessário estabilizar o poluente
através do cultivo de plantas que retêm os metais
nas raízes. Esse processo é chamado de fitoestabilização.
Por outro lado, existem outras espécies capazes de
absorver a acumular o material tóxico em seus galhos,
segurando em seus tecidos uma alta concentração
de metais. Esse método é chamado de fitoextração.
Após, as plantas são cortadas e destinadas corretamente,
para gerar energia através da incineração
por exemplo.
Solos poluídos
x contaminados
O docente explica
que há uma diferença entre solos contaminados
e solos poluídos. A contaminação ocorre
quando a liberação de substâncias tóxicas
altera as características naturais de um local. Já
a poluição ocorre após a contaminação,
quando as substâncias tóxicas causam prejuízos
visíveis ao local. Assim, toda poluição
é uma contaminação, mas nem toda contaminação
é uma poluição.
Como os solos
contaminados podem afetar o ser humano e suas atividades
Atualmente, um
dos principais contaminantes do solo são os defensivos
agrícolas. Parte dos defensivos são degradados
pelos microorganismos do solo, mas outras frações
são absorvidas pelo solo e podem ser levadas para águas
superficiais ou atingir os lençóis subterrâneos.
Para o professor Rodrigo, todos poluentes podem afetar o ser
humano de distintas maneiras: "Uma célula humana,
ou de um animal do solo, todos vão sentir o efeito.
Geralmente o dano é na célula, paralisando um
processo celular como a produção de proteínas.
Todos os seres vivos estão suscetíveis aos danos
das substâncias tóxicas. "
O engenheiro agrônomo
ressalta que quando o poluente atinge a camada da superfície
do solo, já há perda na biodiversidade de microorganismos,
minhocas e dos outros organismos que vivem no solo. Posteriormente
as plantas vão sentir esse efeito, reduzindo a produtividade
e qualidade. Este é o caso dos metais pesados, através
das plantas, eles podem ser levados ao ser humano. É
o que ocorre em plantações em solos contaminados.
Os vegetais chegam ao ser humano e por ele são consumidos.
Esse fato pode estimular o aparecimento de várias doenças,
dentre elas o câncer.
Tayline Alves Manganeli
Bolsista de Comunicação
22/03/2022
RAIVA HERBÍVORA:
estudo do caso registrado na região central no Estado
Ocorrido em 2021 na cidade de Itacurubi, o caso contou
com duas técnicas distintas para detecção
do vírus da raiva.
No ano passado,
o setor de virologia Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
em colaboração com o Laboratório de Diagnóstico
Veterinário da Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões (URI), campus Santiago e Laboratório
veterinário Qualem diagnosticaram um caso de raiva
herbívora em propriedade no município de Itacurubi
RS.
A revista Ciência
Rural conversou com JucianeBonella, Médica Veterinária
pela UFSM e Monique Togni Martins, Dra. em Ciência Animal,
para entender como foi realizado o diagnóstico.
O proprietário
buscou ajuda do setor após registrar a morte de 42
bovinos da sua criação em um curto intervalo
de tempo pouco mais de 20 dias. Com a identificação
de mordidas no dorso dos animais, foi realizada uma necropsia
de uma fêmea após aeutanásia. A equipe
também observou material do tipo líquido à
espumoso nas meninges dos bovinos.
Com as amostras
coletadas, foram realizadas análises histopatológicas
e dois testes na virologia: imunofluorescência direta
e transcrição reversa seguida da reação
em cadeia da polimerase (RT-PCR). Como explica JucianeBonella,
a principal técnica utilizada para detecção
da raiva é a imonuflourescência direta, no entanto
esse teste teve resultado negativo no caso estudado. A investigação
seguiu com a realização de outro teste diagnóstico,
a RT-PCR.Inicialmente houve a extração do RNA
da amostra e em seguida, o RNA viral foi utilizado como molde
para a síntese de uma fita dupla de DNA complementar
que foi utilizado na PCR. O resultado foi então positivo
para a presença do vírus da raiva.
Monique Togni
relata que o proprietário perdeu cerca de 60 a 65 animais,
dentre eles, bovinos e equinos. Após o diagnóstico,
as autoridades foram informadas para realizar o controle dos
morcegos hematófagos. Aliado à isso, houve a
necessidade de vacinação do rebanho para evitar
futuros surtos.
Entenda os
termos científicos:
Necropsia:
exame cuidadoso de todos os órgãos e coleta
adequada de seus fragmentos. Seu uso é fundamental
para a confirmação do diagnóstico, afim
de esclarecer ou até mesmo corrigir o diagnóstico
clínico.
Meninges:
as meninges são três membranas que revestem o
sistema nervoso central, garantindo a proteção
contra choques mecânicos e a regulação
da pressão no interior.
Transcrição
reversa: é a síntese de DNA a partir de
uma molécula de RNA.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista de Comunicação da Ciência Rural
14/03/2022
SAIBA O QUE
É A RAIVA HERBÍVORA E COMO ELA PODE AFETAR ANIMAIS
E HUMANOS
Conhecer a doença e notificar as autoridades ainda
é a melhor forma de prevenção
A raiva é
uma doença infecciosa viral aguda, causada por um vírus
do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae.
No Brasil, houve um decréscimo na ocorrência
da doença em cães e gatos a partir da implantação
do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva pelo Ministério
da Saúde em 1973. Entre outras ações,
a vacinação antirrábica canina e felina
em todo o território nacional permitiu o controle da
raiva urbana no país. Em alguns estados como o Rio
Grande do Sul, a raiva urbana é considerada erradicada.
No entanto, a raiva herbívora, que afeta principalmente
os bovinos, continua trazendo prejuízos ao agronegócio
brasileiro e gaúcho.
Transmitida principalmente
pela saliva de um animal infectado, a raiva pode acometer
todos os mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se
como uma encefalite progressiva e
aguda com letalidade de aproximadamente 100%. Para que ocorra
a infecção, é preciso a inoculação
do vírus contido na saliva do animal infectado, o que
ocorre principalmente através de mordedura. A partir
disso, o vírus se multiplica no ponto de inoculação,
atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente,
o sistema nervoso central. Após isso, atinge vários
órgãos e glândulas salivares, sendo eliminado
na saliva das pessoas ou animais doentes.
No Brasil, a vacinação
antirrábica anual é recomendada para cães
e gatos. Com a intensificação das ações
de vigilância e controle da raiva canina e felina nos
últimos 30 anos, o Brasil alcançou significativa
redução nas taxas de mortalidade por raiva humana,
com o predomínio de casos em caráter esporádicos
e acidentais. No período de 2010 a 2021, foram registrados
40 casos de raiva humana no país, sendo que em 2014,
não houve caso.*
O que é
a raiva herbívora?
Ainda muito frequente
no Rio Grande do Sul, a raiva denominada herbívora
afeta os animais de produção como bovinos, ovinos
e equinos. Gisane Lanes de Almeida, Fiscal Estadual Agropecuária
da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento
Rural do RS e Médica Veterinária pela UFSM,
afirma que a doença pode levar muitos animais de um
rebanho à morte, pois quando o primeiro adoece e morre
já não há muito o que se fazer, pois
invariavelmente outros animais do rebanho já estarão
infectados.
O vírus
da raiva herbívora é transmitido aos animais
principalmente pelos morcegos hematófagos. Por isso,
estar atento à presença deles e das lesões
decorrentes de suas agressões (mordidas) no rebanho
é muito importante para o controle da doença.
Após a exposição, a Médica Veterinária
explica que leva em torno de 30 a 60 dias para o início
dos sinais clínicos. Como a doença afeta o sistema
nervoso, ela causa prejuízos neurológicos irreparáveis
ao animal, sendo fatal. Gisane Lanes explica que os primeiros
sinais envolvem a dificuldade de locomoção.
Com o passar dos dias, esses sinais se agravam, o animal apresenta
cada vez mais dificuldade se locomover até que se deita
e não consegue mais se levantar. Entre 07 e 10 dias
após o início dos sinais, o animal morre em
decorrência da doença.
Importância
da vacinação
Atualmente existem
vacinas que protegem os animais da raiva herbívora,
no entanto, a vacinação não é
obrigatória. Por isso, no caso do proprietário
do rebanho notar sinais de raiva em seus animais, deve imediatamente
notificar às autoridades para que medidas de controle
e prevenção sejam adotadas. Descobrir possíveis
abrigos dos morcegos transmissores também é
essencial para evitar as perdas decorrentes da doença.
No Rio Grande do Sul, as suspeitas da doença, assim
como a presença de morcegos hematófagos e/ou
suas agressões devem ser notificadas nas Inspetorias
de Defesa Agropecuária.
Em 2021 a Secretaria
da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do
Rio Grande do Sul emitiu alerta sanitário para raiva
de herbívoros, orientando os produtores rurais a vacinar
ou revacinar seu rebanho em algumas regiões do estado.
No ano passado, a secretaria contabilizou 48 casos de raiva
em herbívoros em 21 municípios.**

Caso de raiva herbívora no município de Itacurubi
gentileza de
Monique Togni Martins e Carla Weiblen URI Santiago
O professor Paulo
Michel Roehe, Médico Veterinário e especialista
em virologia, fala que após ser vacinado pela primeira
vez, o bovino precisa receber uma segunda dose (reforço)
entre os 20 e 30 dias seguintes e, então, somente uma
aplicação a cada ano. Além disso, segundo
o professor Roehe, é possível que o animal infectado
transmita a raiva para pessoas, o que representa um grande
perigo para a saúde humana, tendo em vista a letalidade
da doença.
Como o vírus
age no homem
O vírus
da raiva tem um período chamado de incubação,
ou seja, demora um tempo para causar a doença, o que
permite que a pessoa exposta seja vacinada e desenvolva uma
reposta imune capaz de bloquear os danos. O tempo de incubação
do vírus varia de acordo com o local da inoculação
(quanto mais perto da cabeça, menor o tempo), a carga
viral e a natureza do vírus. Este é um período
assintomático, que pode se estender de alguns dias
a mais de um ano. Os primeiros sintomas geralmente só
aparecem quando o vírus alcança o sistema nervoso
central. No início, são sintomas inespecíficos,
como mal-estar geral, febre baixa, dor de cabeça e
de garganta, falta de apetite, enjôos, sonolência,
irritabilidade, inquietude e sensação de angústia.
A inflamação
progressiva do encéfalo provocada pela proliferação
do vírus no sistema nervoso central pode gerar confusão
mental, desorientação, agressividade, crises
convulsivas, espasmos musculares involuntários e dolorosos,
salivação intensa, dificuldade para respirar
e engolir. Assim o vírus da raiva atinge inúmeras
áreas do sistema nervoso central e produz uma síndrome
paralítica generalizada, que evolui para coma e morte
por parada respiratória.
Fui exposto
ao vírus, e agora?
A raiva pode ser
transmitida ao homem de duas formas: por meio da mordida,
ou através do contato acidental com a saliva do animal
contaminado - caso que ocorre geralmente quando se fala de
raiva herbívora.
Gisane Lanes explica
que o contato acidental ocorre quando o criador nota que o
animal está com dificuldades para se alimentar e salivando.
Em grande parte dos casos, pensa-se que são sinais
de engasgamento e toma-se a iniciativa de colocar a mão
na boca do animal. Com esse gesto, a pessoa pode acidentalmente
ser infectada com a raiva.
Após a
exposição, o indivíduo deve lavar abundantemente
o ferimento com água e sabão e procurar assistência
médica o mais rápido possível. Se necessário,
ele será submetido à aplicação
de vacina e/ou soro antirrábico, procedimento chamado
de profilaxia pós-exposição, como informa
a médica veterinária. Além da profilaxia
pós-exposição, existe a profilaxia pré-exposição.
Trata-se de uma vacina destinada principalmente aos médicos
veterinários e profissionais que atuam no controle
da doença que, pelo alto risco de exposição,
devem se manter constantemente imunizados.
Gisane alerta
que a população deve ser aliada das políticas
públicas de prevenção à doença.
Estar atento ao que ocorre em seu redor, notificando às
autoridades de possíveis casos de raiva são
cruciais para o controle da doença, evitando mortes
de animais e pessoas. O diagnóstico da raiva requer
o envio de cérebro resfriado (bovinos, caninos, felinos
e ovinos) ao laboratório. Para o diagnóstico
de raiva em equinos o melhor material é a medula espinhal,
além do cérebro. O diagnóstico é
realizado pela técnica de imunofluorescência
associada à prova biológica (inoculação
em camundongos ou em cultivo celular).

Imunofluorescência para o diagnóstico da raiva
herbívora Setor de Virologia UFSM
Para o diagnóstico
pode também ser usada a técnica de PCR.

Técnica de PCR para o diagnóstico da raiva
herbívora - Itacorubi, RS - Junho de 2021
Setor de Virologia - UFSM
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista de comunicação da Ciência Rural
*Os dados são do Ministério da Saúde
do Brasil, publicados em 2022.
**Dados divulgados em informe da Secretaria de Agricultura,
Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS, publicado em
2022.
31/01/22
GALOPE CENTENÁRIO:
CONHEÇA MAIS SOBRE O CAVALO CRIOULO
Descendente de andaluzes e lusitanos, raça crioula
existe a mais de 400 anos.
Gateados, tostados,
tordilhos, tubianos, mouros e rosilhos. Os cavalos crioulos
se apresentam nas mais variadas pelagens, mas uma característica
principal traz em comum: a beleza incomparável. Além
da grande utilidade para o trabalho no campo, a raça
crioula também predomina nas provas esportivas e de
lazer.
Descendente de
raças portuguesas e espanholas, o cavalo chegou ao
território que mais tarde denominara-se Brasil após
o ano de 1500. Atualmente existem mais de 400 mil cavalos
crioulos no país, conforme dados da Associação
Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos ABCCC.

História
A raça
crioula é originária da mistura de andaluzes
e lusitanos, cavalos europeus que foram trazidos à
América a partir da colonização. Como
informa o médico veterinário e docente na Universidade
Federal de Pelotas (UFPEL), Carlos Eduardo Nogueira, os descentes
da miscigenação se adaptaram muito bem à
região sul da América, especialmente ao bioma
pampa.
Por muitos anos,
essa raça se criou livre, enfrentando extremos de temperatura
e qualidade de pasto. Tais fatores, segundo o professor Carlos,
fomentaram características comoa rusticidade e resistência
que permanecem nos genes do cavalo crioulo.
Por influências
locais e ambientais, os cavalos de cada região apresentam
derivações distintas. Segundo o professor Nogueira,
a raça crioula da Argentina possui cavalos mais altos
e robustos. Já os chilenos, são mais baixos,
de grande habilidade e com feições refinadas.
Os equinos do Rio Grande do Sul têm muita influência
chilena, principalmente através do garanhão
La Invernada Hornero que produziu muitos potros
na cidade de Uruguaiana RS. O cavalo morreu aos 26
anos de idade, o que prova outra característica marcante
da raça crioula a longevidade.
No século
20, a raça recebeu o reconhecimento pelas suas virtudes,
por meio da criação da Associação
Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo ABCCC, em
1932. Atualmente sua sede funciona em Pelotas RS. A
ABCCC desenvolve quatorze provas que selecionam o cavalo crioulo,
realizando a otimização morfológica e
funcional da raça. A principal prova, denominada Freio
de Ouro, mostra as habilidades funcionais dos equinos. O Freio
de Ouro é dividido em sete provas, cada uma tem uma
pontuação específica a ser conquistada
pelo animal e pelo ginete. Quem obtiver melhor pontuação
na soma das etapas é o grande campeão.
Características
da raça crioula
O cavalo crioulo
é conhecido principalmente pela rusticidade. Como ressalta
o Doutor em Medicina Veterinária João Malheiros,
o histórico de vivência da raça crioula
foi que gerou um cavalo forte e longevo. Por ser criado nas
padrarias sem o auxílio do homem, a raça é
capaz de sobreviver a condições adversas de
temperatura e má alimentação. O especialista
ainda ressalta que por isso, a dieta que é recomendada
para outras raças geralmente não se aplica ao
crioulo, pois causa estranhamento pelo sistema digestivo.
Outras características
físicas podem ser observadas na raça crioula.
Uma delas é referente à altura. A mínima
admitida para as fêmeas é de 1,38 metros e nos
machos de 1,40 metros, já a máxima para fêmeas
é 1,48 m e para machos é de 1,50 m. O peso varia
entre 400 e 450 quilos. João Malheiros atenta para
os detalhes de tipicidade racial: cabeça e orelhas
curtas, olhos expressivos, narinas amplas - mas não
arredondadas, e boca menor.
De acordo com
o padrão da raça, o Cavalo Crioulo pode apresentar
uma infinidade de pelagens, com exceção da pintada
e albina total. As mais conhecidas são baia, bragada,
colorada, gateada, lubuna, moura, rosilha e tubiana.


O especialista
lembra que o crioulo é cavalo de cela, não puxa
charrete. Além disso, apresenta movimentos ágeis
e responde satisfatoriamente aos comandos. No que se refere
ao tempo de vida, Malheiros ressalta que é um cavalo
de tardio crescimento. A desmama ocorre de cinco a sete meses
de vida e com cinco anos de idade ele já pode ser considerado
um adulto. Sua resistência às doenças
também é uma característica curiosa,
tendo em vista que o linear de dor é superior as demais
raças.
Quanto à
criação, o professor Carlos Moreira explica
que é um equino fácil de criar, pois é
dócil e voluntarioso. Mas ele atenta para os cuidados
necessários como a orientação de um especialista.
Por ter características de um cavalo livre, a raça
precisa de amplo espaço para se desenvolver, por isso,
segundo ele, cavalos criados em cocheiras apresentam sérios
problemas.
Atualmente o Cavalo
Crioulo é considerado o animal símbolo do Estado
do Rio Grande do Sul, através de lei sancionada pelo
Governador Olívio Dutra em 2002. Além disso,
é frequentemente associado à figura do gaúcho
e homem do campo, o que valoriza e ressalta as antigas tradições
gaúchas.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista de Comunicação da Ciência Rural
06/12/21
PIOR CRISE
HÍDRICA NO BRASIL DOS ÚLTIMOS ANOS AFETA O BOLSO
DA POPULAÇÃO

Devido à
escassez das chuvas, o produtor também enfrenta custos
maiores com energia e o problema da escassez de água
no sistema de irrigação das plantações
Além da
atual crise hídrica afetar o bolso da população
brasileira, a economia
mundial não escapa desse impacto. Isso porque o Brasil
é um dos maiores produtores e exportadores de commodities
ligadas ao agronegócio do mundo e, devido a crise,
a economia e consequentemente o lucro gerado pelas commodities
sofre um significativo baque. O Rio Paraná, um dos
mais importantes rios do país, por exemplo, tornou
o transporte de grãos e minérios um desafio
por conta do baixo nível de água.
Devido à
escassez das chuvas, o produtor também enfrenta custos
maiores com energia e o problema da escassez de água
no sistema de irrigação das plantações.
Com isso, o preço dos alimentos das prateleiras dos
mercados fica um pouco mais salgado, visto que o produtor
tem que gastar mais durante a produção.

Mas o que de fato
é essa crise hídrica e de onde ela vem? Bom,
a crise hídrica é resultado dos baixos níveis
de água nos reservatórios, que usualmente precisam
de níveis normais para atender as necessidades da população.
No país, a falta de água se tornou um problema
mais grave a partir de 2014, sendo a região sudoeste
a mais afetada durante o ano.
Para nos ajudar
a compreender melhor o fenômeno da crise hídrica,
conversamos com a Mirta Teresinha Petry, professora na área
de Engenharia de Água e Solo, na disciplina de Irrigação
e Drenagem, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Ela é graduada em Agronomia pela UFSM e possui mestrado
em Agronomia, na área de Concentração:
Biodinâmica do Solo e doutorado em Ciência do
Solo pela mesma Universidade.
Atualmente também
participa do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Agrícola, e do Grupo de Pesquisa "Manejo
da Água em Sistemas Agrícolas", o qual
coordena.
Segundo a professora,
nitidamente podemos perceber que atualmente temos temperaturas
maiores do que tínhamos há 80 ou 100 anos. Isso
se dá, em parte, porque hoje temos uma maior população,
mais automóveis, prédios, asfalto, concreto,
etc. Tal urbanização, causada pelo ser humano,
implica diretamente no aquecimento climático. De acordo
com pesquisas do Painel Intergovernamental de mudanças
climáticas, se as emissões continuarem dentro
das tendências atuais, o aquecimento pode chegar a 4,8ºC
até 2100.
O que estamos
experimentando hoje no Brasil são extremos climáticos
que certamente são consequências das alterações
climáticas. Os verões com chuvas muito abaixo
da média, sobretudo no sudeste, são exemplos
disso, explica Mirta.
As principais
causas para a falta de água no Brasil são:
- Diminuição
do nível de chuvas
O desmatamento na floresta amazônica está diretamente
relacionado à falta de chuva no país. Isso por
causa do fenômeno dinâmico dos "rios voadores"
que leva umidade a várias regiões da América
do Sul. O vapor formado nas águas tropicais do oceano
Atlântico é alimentado pela umidade da floresta
amazônica. Toda essa umidade atravessa a Amazônia
até encontrar o paredão da Cordilheira dos Andes.
Ali, uma parte da umidade transforma-se em chuva e alimenta
nascentes de grandes rios, como o Rio Amazonas. A outra parte,
é direcionada para as regiões Centro-Oeste,
Sudeste e Sul do Brasil, ocasionando as chuvas. De acordo
com Mirta Petry, entre junho de 2020 e junho deste ano, nós
tivemos 32% menos chuvas do que o normal.
A degradação
de certos biomas, queimadas no cerrado, mata atlântica
e pantanal atuam fortemente nas alterações de
regulação das chuvas, completa Mirta.
- Aumento do
consumo de água
No Brasil, o aumento do consumo de água deve-se ao
crescimento populacional, industrial e da agricultura. Segundo
a Agência Nacional de Águas (ANA), de cada 100
litros de água retirados de manciais (rios, reservatórios
ou água subterrânea), 72 são usados na
irrigação agrícola

- Desperdício
de água
Grande parte do consumo de água no Brasil deve-se à
irrigação na agricultura, sendo esse o setor
mais responsável pelo uso de água.
Segundo a Confederação
Nacional da Indústria, a demanda global por água
no setor industrial deve aumentar, até 2050, cerca
de 400%. No Brasil, a cada segundo, são retirados dos
rios 2,3 milhões de litros para uso industrial. O consumo
de água na indústria só perde para o
da agricultura.
Grande parte do
problema do desperdício de água nas indústrias
está nos vazamentos e nos métodos obsoletos
de distribuição e a ausência de um sistema
de tratamento e a possibilidade de reuso dessa água.

Hoje, passamos
pela pior seca dos últimos 91 anos. Conforme um estudo
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
a projeção de crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) do setor agropecuário caiu de 2,6% para
1,7%,. Previsões da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) apontam que a próxima safra de soja e de milho
pode ser prejudicada pela estiagem.
A falta de chuva
também fez com que os reservatórios das hidrelétricas
atingissem níveis críticos. As hidrelétricas
das Regiões Sudeste e Centro-Oeste, que geram 70% da
energia do Brasil, estão operando com os reservatórios
em 22,5% da capacidade de armazenamento. Em 2001, quando o
país passou por um período de restrição
energética, os níveis estavam em 23,4%.

No sul do
país, por mais que ainda não tenhamos dados
suficientes para dizer que o La Niña do ano passado,
por exemplo, esteja dentro dessas alterações,
a comunidade científica acredita que possivelmente
está, visto o comportamento da temperatura e da movimentação
geral da atmosfera, diz Mirta.

Nos últimos
12 meses, a tarifa cobrada pela energia elétrica subiu
16,07%, mais que o dobro da inflação acumulada
no período, que ficou em 9,3% pelo Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além dos
reajustes no preço da conta de luz e da utilização
da bandeira vermelha na tarifa, a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) criou uma tarifa chamada de
escassez hídrica. A nova bandeira tarifária
será de R$ 14,20 e terá vigência de setembro
de 2021 a abril de 2022. Com o novo valor, o preço
da conta de luz deve subir, em média, 7%.
A aceleração
inflacionária aumenta diretamente o custo de vida da
população, o que empurra, ainda mais, famílias
de baixa renda para a fome. De acordo com pesquisa realizada
pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional (Penssan), no final de 2020 cerca
de 117 milhões de brasileiros, pouco mais que a metade
da população, convivia com algum nível
de insegurança alimentar.
Uma alternativa
são as fontes sustentáveis de energia, mas o
setor ainda anda a passos curtos em comparação
à demanda. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), a energia solar produz apenas 1% da eletricidade brasileira,
enquanto a eólica responde por 8,6%. Enquanto isso,
as hidrelétricas geram 64,9%, e as termelétricas,
13,8%.
*Fonte das imagens:
https://pixabay.com/pt/
Elisa Dessbesell
de Campos
Bolsista de Comunicação Social da Ciência
Rural
23/11/21
SECA E GEADA:
VEJA COMO ESSAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS AFETAM A
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Maior probabilidade de eventos
climáticos extremos dificulta o planejamento do plantio
e diminui a produtividade das lavouras.
A safra 2020/21,
aguardada como recorde pela Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), teve grandes impactos após as geadas de inverno
e a longa estiagem. Esses eventos climáticos diminuem
a oferta de alimentos e dificultam ainda mais o planejamento
do agricultor, que ainda usa a sazonalidade como meio de previsão
para plantio e colheita.
Aliado aos períodos
de seca, outro problema que preocupa produtores é o
aquecimento global. Segundo o relatório do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês),
a temperatura global pode subir de 1,5°C a 2°C neste
século, caso não haja uma forte redução
nas emissões de gases de efeito estufa. As temperaturas
cada vez mais elevadas, trazem prejuízos constantes
às lavouras e tornam ainda mais necessária a
presença da chuva. O déficit de água
afeta diretamente o desenvolvimento da planta. Conforme nos
explica o professor de Agronomia da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), Thomas Martin, a redução
de produtividade é intensa quando existem estresses
hídricos durante a etapa de florescimento. Isso ocorre
porque as plantações possuem diferentes necessidades
de água, conforme a cultura, temperatura, vento, estágio
de desenvolvimento e área foliar. "A cultura do
milho chega a ter 12mm de evapotranspiração
durante o seu florescimento, ou seja, a demanda hídrica
é muito intensa. Caso essa demanda não for suprida
pelo solo haverá redução nos componentes
de produtividade", exemplifica o professor.
Alencar Junior
Zanon, também docente na UFSM - na área de Fitotecnia,também
afirma preocupação com a cultura do milho durante
a seca. Nesta última safra, ele nos informa que a cultura
teve uma quebra de 50%. Segundo aConfederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), essa perda
representa 22 milhões de toneladas a menos na segunda
safra no país. A situação é diferente
com a plantação de arroz. Apesar da cultura
necessitar de muita água, o professor Alencar salienta
que no Rio Grande do Sul, não houve prejuízo
associado ao problema da estiagem. Dados do Instituto Rio-Grandense
do Arroz, publicados em julho deste ano, mostraram recorde
de produção no Estado, com 8,52 milhões
de toneladas de arroz em base casca.
Outro fenômeno
que prejudica as plantações é a geada,
presente principalmente nos Estados do sul do país
durante o inverno. Ao falar do evento, o professor Thomas
salienta que trigo é uma das principais culturas agrícolas
cultivadas no período de junho a outubro. No Estado
do Rio Grande do Sul foram registradas temperaturas extremamente
baixas (menores que 5ºC), por longos períodos
durante a safra passada. Nesse sentido, Thomas Martin comenta
que as lavouras de trigo onde houve grandes períodos
de geada foram afetadas de forma negativa.
Consequências
aos produtores e consumidores
Os problemas enfrentados
na produção por conta dos eventos climáticos
refletem em consequências para a sociedade. Com o milho
prejudicado, o professor Zanon alerta para a consequente alta
no preço da ração. Esse aumento gera
outras elevações de preço, como no da
carne, pesando no bolso do consumidor final. Do mesmo modo,
os alimentos também tendem a diminuir no prato dos
brasileiros com esse aumento de valores. Com a safra de soja
prejudicada, o valor do óleo de cozinha também
tende a subir.
A instabilidade
cada vez maior do clima, também gera insegurança
aos produtores que planejam a safra levando em consideração
a sazonalidade. Algumas alternativas, apontadas pelos especialistas
entrevistados envolvem o escalonamento da época de
plantio e semeaduras de cultivares que são mais eficientes
no uso da água. Manter-se informado sobre a previsão
climática para fazer o plantio quando se tem umidade
suficiente no solo, também auxilia os produtores.
Zoneamento
Agrícola de Risco Climático (Zarc)
O zoneamento agrícola
é um instrumento utilizado para minimizar os riscos
relacionados à fenômenos climáticos. O
estudo feito permite aos municípios identificar a melhor
época de plantio das culturas, nos diferentes tipos
de solo e ciclos de cultivares. Martin considera o zoneamento
agrícola um importante aliado dos produtores, principalmente
em ambientes com alta variabilidade. Usar o zoneamento agrícola
permite quantificar os riscos climáticos envolvidos
na condução das lavouras que podem ocasionar
perdas na produção.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista do setor de Comunicação da Ciência
Rural
13/10/21
CONTA DE
LUZ MAIS CARA PODE REDUZIR A OFERTA DE CARNES NO PAÍS

Setores como abatedouros/frigoríficos
e aviários, são os mais prejudicados com a situação.
O aumento da conta
de luz, consequência da grave crise hídrica,
traz várias consequências aos brasileiros, dentre
elas a diminuição da oferta de carnes. Isso
ocorre a partir de uma pressão ainda mais inflacionária
dos alimentos, bem como o aumento do custo de produção
nas empresas. A falta de chuva também diminui a qualidade
do pasto, imprescindível em fazendas onde o gado é
criado solto.
O preço
da energia elétrica já subiu quase três
vezes mais que a inflação ao longo dos primeiros
nove meses de 2021, refletindo em um aumento disseminado nos
preços de diversos produtos e serviços. O aumento
de 5% na energia elétrica em agosto ainda reflete o
reajuste de 52% aplicado em julho sobre a bandeira tarifária
vermelha patamar 2, que passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada
100 kW/h consumidos. O mercado de carnes, é um dos
grandes afetados. A alta, representa um efeito cascata em
todo o sistema, desde a fazenda, até a indústria
e comércio.
Segundo o Doutor
em Produção Animal, professor Leonir Luiz Pascoal,
na medida em que a conta de luz sobe, presenciamos um aumento
de todos os insumos necessários para a criação
dos animais. Desde os valores gastos com ração
até a conta de energia dos frigoríficos, tudo
contribui para a soma no preço final do produto, pesando
no bolso do consumidor.

Os setores de
abatedouros/frigoríficos e aviários, são
os mais prejudicados na opinião do professor Leonir.
Nos frigoríficos o item expressivo é o
consumo de energia. O frango também está em
situação delicada porque além disso,
o produtor tem o gasto ainda com os animais em vida, com a
energia para manter o aquecimento do aviário,
lembra o professor ao mencionar sobre a importância
da energia no sistema de aquecimento dos aviários.
Além da
seca ter causado esse efeito de alta em todo o setor por conta
da aumento no preço da energia, o setor de carnes também
precisa de chuvas regulares para aumentar a qualidade das
pastagens que alimentam os bovinos. Em contrapartida, até
os produtores que criam gado em confinamento também
enfrentam aumento de custos, principalmente com o milho e
a soja por causa da quebra de safra, também causada
pela seca. Esses grãos tão importantes, viram
ração para alimentar os animais. Desde 2020,
os produtores já passavam por dificuldades em comprar
ração com preço acessível. Segundo
dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), gastos com estes insumos representam em média
75,8% dos custos de produção. As projeções
indicam um total de aumento de 39,8%, para o milho, e de 7,2%,
para a soja ao fim do ano.
De acordo com a Consultoria LCA, a maior alta neste ano continuará
sendo no preço da carne de boi (17,6%), seguida da
de porco (15,1%) e de frango (11,8%). Alternativa às
carnes, o valor do ovo de galinha também deve subir
(7,6%).
CARNES
DE SEGUNDA FORAM AS QUE MAIS SUBIRAM
As carnes de segunda,
mais consumidas pela população de baixa renda,
foram as que mais subiram. Segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, a costela teve alta de
29,74%, enquanto o músculo aumentou em 27,67% e também
foram registrados avanços de 26,79% e 20,75%, respectivamente,
no cupim e do acém.
Com isso, a carne
bovina está diminuindo cada vez mais no prato dos brasileiros.
Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento),
o consumo brasileiro de carne bovina foi de 29,3 quilos por
habitante em 2020, uma queda de 5% em relação
aos 30,7 quilos por habitante de 2019, ano em que o consumo
já havia recuado 9%. O patamar de 2020 é o menor
da série histórica da Conab, que tem início
em 1996. Alimentos como a carne de frango e também
o ovo, que geralmente costumam substituir a carne bovina,
também devem ficar mais caros.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista do setor de Comunicação da Ciência
Rural
30/08/21
TOXOPLASMOSE:
a importância do monitoramento constante

O Toxoplasma
gondii ainda representa um grande perigo para a saúde
humana, mesmo após quase 100 anos de seu descobrimento.
Popularmente conhecida
como doença do gato, a toxoplasmose é
uma doença infecciosa provocada pelo protozoário
Toxoplasma gondii encontrado nas fezes de gatos e outros
felinos infectados. Atualmente, é uma das zoonoses
- doenças transmitidas por animais, mais comuns em
todo o mundo. Com alta facilidade de transmissão, especialistas
afirmam que a contaminação nem sempre se dá
de maneira direta, podendo ocorrer através de ingestão
de água ou consumo de alimentos contaminados.
O Toxoplasma
gondii foi descoberto em 1908 simultaneamente por Splendore
no Brasil em coelhos e por Nicolle & Manceaux em roedores
na África do Norte. Observando o protozoário
no microscópio, constataram que ele tinha um formato
semi-curvo, e então o batizaram com a junção
das palavras toxo e plasma, que significam
respectivamente arco e forma em grego.
O T. gondii foi uma homenagem ao roedor em que o protozoário
foi detectado por Nicolle & Manceaux.
A doença
pode ser transmitida via oral ou congênita de
mãe para filho, durante a gravidez. A forma mais comum
de infecção é por meio da ingestão
de água ou alimentos contaminados com os oocistos esporulados
do protozoário ou da ingestão de tecidos cárneos
consumidos cru ou mal passados contendo cistos com bradizoítos.
Os felinos em si, não representam o grande problema.
É preciso que a pessoa tenha manipulado fezes antigas
de felinos, ocorrendo a inalação ou ingestão
acidental do parasita ali presente. O contato com os gatos
infectados não é suficiente para que haja transmissão
da toxoplasmose.
A professora Fernanda Flores Vogel, responsável pelo
laboratório de doenças parasitarias na Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), alerta que para o controle
da toxoplasmose devem ser instituídas medidas para
conscientização da população.
A pesquisadora participou do diagnóstico e caracterização
molecular do protozoário durante o surto de toxoplasmose
ocorrido em 2018, em Santa Maria-RS. Neste episódio,
em que se constatou mais de 1.500 casos confirmados - como
informa o Centro Estadual de Vigilância em Saúde,
a causa foi a ingestão de oocistos presentes na água.
Sintomas e
tratamento:
Os sintomas da
toxoplasmose são variáveis e associados ao estágio
da infecção, agudo ou crônico. A maioria
dos casos de toxoplasmose são assintomáticos
ou apresentam sintomas inespecíficos, como cansaço,
mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta, dor muscular
e alterações nos gânglios linfáticos.
Pessoas com baixa imunidade podem apresentar sintomas mais
graves, incluindo febre, confusão mental, falta de
coordenação e convulsões.
A maior preocupação
reside no grupo das gestantes. Mulheres infectadas durante
a gestação podem sofrer aborto ou antecipar
o nascimento do bebê. Ainda há chances da criança
nascer icterícia, macrocefalia, microcefalia ou com
crises convulsivas.
Prevenção:
Émerson
Salvagni e Jéssica dos Santos Ribeiro Madureiro,
ambos membros da Vigilância Ambiental da 4ª Coordenadoria
Regional da Saúde, afirmam que o consumo de água
tratada é o mais seguro: O uso de fontes alternativas
de abastecimento como poços e açudes são
um risco para a saúde, pois não se têm
informações sobre sua qualidade, sem monitoramento
ou controle., acrescenta a engenheira química
Jéssica. Outro alerta importante, segundo ela, é
para a limpeza das caixas de água, que deve ser feita
no mínimo uma vez ao ano.
Além disso,
outras estratégias são importantes, como: alimentar
os gatos com ração ou outros produtos comerciais
de qualidade, em casos de gatos que comem carne, utilizar
somente se for bem cozida; manter seus gatos dentro de casa
e coletar suas fezes diariamente; ter cuidado ao manusear
as fezes de felinos e dar destino adequado às mesmas;
isolar os animais domésticos das áreas de preparação
de alimentos; evitar o uso de produtos animais crus ou mal
cozidos (especialmente derivados de caprinos e bovinos); utilizar
luvas ao manipular a terra, principalmente no caso de gestantes.
O diagnóstico
da toxoplasmose é feito pelo Clínico Geral ou
Infectologista através da avaliação dos
sintomas e da realização do exame de sangue
para detectar a presença de anticorpos IgG e IgM no
corpo, que são produzidos para combater o parasita
causador da doença. Conforme orienta o Ministério
da Saúde, a maioria das pessoas saudáveis não
necessitam de tratamento para a toxoplasmose, já que
o organismo é capaz de combater o parasita naturalmente.
No entanto, perante sintomas, o tratamento procede-se com
remédios que devem ser indicados pelo médico.
Para gestantes e crianças, o Ministério da Saúde
adota protocolos com recomendações a serem seguidas,
caso a caso.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista do setor de Comunicação da Ciência
Rural
23/07/21
Febre Aftosa:
Rio Grande do Sul entra na Zona Livre sem Vacinação

Ainda que a doença
esteja erradicada no estado, produtores agropecuários
devem continuar seguindo as medidas de biossegurança
para evitar um possível retorno da doença.
Em maio deste
ano, o estado do Rio Grande do Sul foi reconhecido oficialmente
como zona livre de febre aftosa sem vacinação.
O novo status sanitário foi confirmado em assembleia
geral da Organização Mundial de Saúde
Animal (OIE). Esta é uma conquista histórica
para o estado e seus pecuaristas. Ainda assim, será
necessário manter o rigor nos protocolos sanitários,
para que se garanta a zona livre.
Conhecida no Brasil
desde a década de 1870, a febre aftosa é uma
doença infectocontagiosa aguda ou subaguda, causada
pelo vírus da família Picornaviridae do gênero
Aphthovirus. Bovinos, suínos, ovinos, bubalinos e outros
mamíferos de casco fendido (bipartido) podem ser acometidos
pela doença, que é altamente contagiosa em animais
suscetíveis.
Diego Viali dos
Santos trabalha no Ministério da agricultura (MAPA)
na área de epidemiologia da Aftosa. Para ele, a doença
é a principal comorbidade animal e sanitária
que afeta o comércio internacional. Países que
não têm a doença não compram produtos
de origem animal ou colocam diversas restrições
para comprar de países que têm ou que vacinam
contra a febre aftosa.
O vírus
da febre aftosa possui diferenciações e são
classificados em sete subtipos: A, O e C: mais comuns distribuídos
em todos os continentes e os únicos que foram identificados
no Brasil; SAT-1, SAT-2 e SAT-3: Identificados inicialmente
na África do Sul e disseminado em outros continentes,
com exceção da América; Ásia-1:
Encontrado inicialmente no continente asiático. Foi
responsável pelo surto que ocorreu no Reino Unido,
de 1996 a 2000 e dizimou quase 60% da população
de bovinos.
Os primeiros registros
da doença no Brasil foram em 1870, no sul do país.
Em 1989, mais de 100 focos de febre aftosa foram identificados
no Rio Grande do Sul após o ingresso de gado uruguaio
contaminado no território gaúcho. Em 1993 a
aftosa é controlada com a vacinação do
rebanho e medidas sanitárias. O Rio Grande do Sul registra
apenas quatro focos. Após quase três anos sem
registrar casos em seu rebanho, estados do sul são
autorizados a exportar carne para a Europa. Além disso,
em 1998, o estado conquista a condição de zona
livre de aftosa com vacinação, concedida pela
OIE.
Em 2000 o estado
gaúcho volta a registrar focos de aftosa, suspendendo
o processo que transformaria o Estado em zona livre de aftosa
sem vacinação. Milhares de animais são
abatidos para tentar controlar a expansão da doença.
Já em 2002, o estado estabeleceu sua condição
sanitária de zona livre com vacinação
novamente, o que durou até maio deste ano, quando o
estado passou para a zona livre sem vacinação.
A transmissão
da febre aftosa acontece quando há o contato com o
vírus expelido pelo animal infectado ou em período
de incubação, no ar expirado, saliva, fezes
e urina, leite e sêmen e carne infectados com as mucosas
das vias digestivas ou vias respiratórias do animal
suscetível.
Essa transmissão
pode ocorrer de diferentes formas. Para Fernando Groef, Coordenador
do Controle da Enfermidade da Secretaria da Agricultura (SEAPA),
o principal problema da aftosa é o fluxo dos animais
entre propriedades, que é o maior transmissor em sistemas
comerciais como é a agropecuária no Rio Grande
do Sul, por exemplo.
Exposições,
feiras, troca de reprodutores e transferência de pastagem
por exemplo contribuem para o aumento desta mobilização,
completa Fernando.
Esses eventos,
propiciam que o contato direto ou indireto (animal infectado
para animal vulnerável, através da ingestão
de água e alimentos contaminados e também através
de gotículas expelidos pelos animais doentes) entre
animais seja maior.
Outras formas
de transmissão também são os veículos
animados (humanos), inanimados (veículos e objetos)
e a aerotransportação do vírus (até
60 km sobre a terra e 300 km sobre o mar).
Gisane Lanes de Almeida é fiscal agropecuária
em Santa Maria e relata que a febre aftosa é uma doença
que se dissemina com muita facilidade.
Além disso, o vírus tem uma capacidade
de resistência no ambiente muito grande. As pessoas
que trabalham com os animais podem ficar com suas roupas contaminadas
e acabar contaminando outros rebanhos e o vírus também
pode ficar preso nas rodas dos carros, diz Gisane.
Inicialmente silenciosa,
a doença causa febre (39,5 a 40,6ºC) nos bovinos,
Os primeiros sinais da patologia, acontecem entre 02 a 14
dias do contato com o vírus. Alguns sinais são:
Formação de vesículas (aftas), que estouram
causando erosões e úlceras na região
da língua, gengiva, palato mole, narinas, focinho,
espaço interdigital, coroa do casco e epitélio
mamário; Redução da produção
de leite; Salivação excessiva por ptialismo;Descarga
nasal serosa incolor; Manqueira.
De acordo com
Gisane, juntos, esses sinais são críticos
pois causam, além de muita dor no animal, um grande
prejuízo no rebanho ao qual ele faz parte e em possíveis
rebanhos que o animal possa vir a ter contato.
Algumas complicações que a doença causa
e que é importante que os produtores estejam atentos
para identificar se há suspeita de febre aftosa são:
apatia, dificuldade de locomoção e ficar de
pé, deformação dos cascos, falta de apetite,
perda de peso permanente, infecções secundárias,
mastites, abortos, diminuição permanente da
produção de leite, doença cardíaca
e morte.
É fundamental
que pecuaristas e produtores rurais fiquem atentos e, caso
confirmem suspeita da doença, notifiquem a Inspetoria
da sua cidade, para que sejam feitos os exames específicos,
realizados nas redes de laboratórios oficiais do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. De acordo
com Fernando, a campanha de vacinação realizada
por todos esses anos no estado não protegeu o ingresso
do vírus nos animais, e sim preveniu que houvesse focos
explosivos da doença. Dessa forma, é importante
que profissionais da área sigam os protocolos de biossegurança
para evitar o retorno do vírus.
É fundamental a vigilância do produtor
agropecuário, criador, funcionário veterinário,
inseminador, veterinário da prefeitura, todos profissionais
que estão envolvidos no trabalho, para que se notifique
a tempo caso haja suspeita, explica Fernando.
Quando um animal
é infectado, leva no mínimo 15 dias para se
recuperar. A recuperação da perda de peso é
lenta, a produção leiteira raramente é
recuperada e as taxas de concepção tendem a
ser menores. Ainda, os animais podem continuar portadores
dos vírus por seis meses ou até três anos.
Não há
tratamento para a doença e por isso que sua prevenção
deve ser reforçada. Ainda que não tenha uma
grande taxa de mortalidade, possui grande taxa de morbidade,
ou seja, quando infecta, afeta muitos animais juntos. Todos
os animais acometidos (infectados e recuperados) e suscetíveis
que entraram em contato com indivíduos infectados,
são e devem ser sacrificados. Seus cadáveres
devem ser destruídos, juntamente com os objetos e produtos
dos animais na zona infectada, para evitar futuras transmissões
da doença.
Elisa Dessbesell
de Campos
Bolsista de Comunicação
01/07/21
CORONAVÍRUS
BOVINO (BCOV) É DIFERENTE DO VÍRUS CAUSADOR
DA COVID-19

Comum em
bovinos, o coronavírus que ataca o gado não
é transmissível para os seres humanos
O coronavírus
bovino (BCoV), descrito pela primeira vez na década
de 70, difere-se do coronavírus que se hospeda em humanos,
o SARS-CoV-2. Este último, causador da Covid-19 foi
descoberto recentemente e tem como provável ancestral
o coronavírus de morcegos. O BCoV, por sua vez, atinge
apenas bovinos e não é transmitido para o homem
a partir do contato com os animais ou consumo de carne e seus
subprodutos. O esclarecimento é feito pelos pesquisadores
e especialistas em virologia Mathias Martins e Diego Diel.
A pandemia causada
pelo novo coronavírus tem trazido reflexões
e questões relacionadas às mais diversas áreas
como educação sanitária, econômica
e social, se tornando um problema de saúde única.
Com o tempo, surgiram questionamentos quanto às origens
do vírus e como este pode se propagar, tendo em vista
que há vários anos já foi constatado
vírus pertencentes à mesma família viral
(Coronaviridae), que atacam mamíferos, como os bovinos.
O médico
veterinário e pesquisador
Mathias Martins explica que entre o coronavírus bovino
e o humano, existem diferenças importantes. A primeira
delas se refere à gama de hospedeiro, ou seja as espécies
animais que podem ser infectadas. Também é importante
observar a diferença na patogenicidade, a capacidade
de causar a doença, bem como, a gravidade que ela pode
atingir.
Desde que foi
descrito pela primeira vez, o BCoV traz prejuízos econômicos
aos produtores rurais, seja na pecuária de corte ou
de leite. Isso porque quando ataca o rebanho, pode causar
diarreia neonatal em bezerros e disenteria de inverno em bovinos
adultos, associado em alguns casos com doenças respiratórias.
O professor e também pesquisador Diego Diel alerta
para os casos mais graves, quando ocorre a mortalidade dos
animais devido a desidratação extrema.
Transmissão
e diagnóstico
A forma mais comum
de transmissão do coronavírus bovino é
por meio da via oral-fecal. Porém, a presença
de gotículas e ingestão de água e ração
contaminadas são também porta de entrada para
o vírus.
A gravidade dos
sinais clínicos depende da idade do bezerro e de seu
estado imunológico. Isso costuma ser observado pelos
produtores nos meses de inverno, já que o vírus
é mais estável no frio. Por sua vez, a disenteria
de inverno é encontrada geralmente em bovinos adultos.
Os sinais clínicos incluem diarreia com sangramento
e diminuição da produção, perda
de apetite e alguns sinais respiratórios. O vírus
também pode causar doença respiratória
leve ou pneumonia em bezerros até seis meses. Além
disso, é importante estar em alerta aos animais que
não apresentam sintomas do BCoV e acabam transmitindo
a infecção, eles são chamados de portadores
assintomáticos.
Tratamento
Assim como ocorre
para outras espécies de coronavirus, não há
tratamento para o BCoV, apenas terapias de suporte. No entanto,
existem vacinas desenvolvidas contra o coronavírus
bovino, uma forma de prevenir a doença. O imunizante
é devidamente registrado junto ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e de
uso exclusivo dos médicos veterinários.
Por serem vírus
de espécies diferentes, constata-se que a vacina contra
o coronavírus bovino não protege humanos da
Covid-19, da mesma forma em que os animais não precisam
tomar a vacina contra o SARS-CoV-2. O pesquisador Martins
ainda reforça da impossibilidade do BCoV causar a Covid-19,
sendo uma doença registrada em humanos. "Hoje
estão disponíveis diversos estudos demonstrando
que o SARS-CoV-2 tem capacidade limitada de se manter viável
fora de um hospedeiro. Além dos bovinos não
serem suscetíveis à infecção por
SARS-CoV-2, ou seja, sem possibilidade de a carne estar infectada,
foi demonstrado que a principal forma de transmissão
viral é o contato direto entre uma pessoa infectada
e outra suscetível (não imune)", ressalta
o especialista. Desta forma, o risco de uma pessoa se infectar
por SARS-CoV-2 através da carne bovina, seja pela manipulação
ou pelo consumo, é altamente improvável ou inexistente.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista do setor de Comunicação da Ciência
Rural
PERFIL DO
CIENTISTA

Leandro Souza
da Silva é professor titular do Departamento de Solos
do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal
de Santa Maria (CCR/UFSM) e Editor-Chefe da área vegetal
da Revista Ciência Rural. O pesquisador conta um pouco
da sua trajetória acadêmica para a Ciência
Rural.
O docente é
Técnico em Agropecuária formado pela Escola
Agrotécnica Federal de Sertão (EAFS), além
disso é Engenheiro Agrônomo graduado pela Universidade
de Passo Fundo (UPF), com mestrado e doutorado em Ciência
do Solo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Sua trajetória
na pesquisa iniciou-se ainda na UPF, entre os anos de 1989
e 1994 quando cursava Agronomia. Participou de uma seleção
para bolsista de iniciação científica
no grupo de biotecnologia, conduzido na época pelas
professoras Lizete Augustin, Magali Grando e Eunice Calvete.
O pesquisador ressalta que neste grupo teve as primeiras experiências
com os protocolos de pesquisa, a escrita acadêmica com
a elaboração de resumos e relatórios,
a participação em eventos científicos
e entre outras experiências na área. Eu
fui percebendo que aquele ambiente de pesquisa era também
uma alternativa profissional, incluindo o gosto que já
tinha despertado pela carreira docente. Também me fez
perceber a necessidade de continuar estudando após
a graduação, o que me levou a cursar o mestrado
e, depois, o doutorado, complementa.
A sua linha de
pesquisa é na área de Química e Fertilidade
do Solo, mas também atua com vários outros assuntos.
Os projetos, em sua maioria, concentram-se em estudos como,
os solos de terras baixas (várzeas) e o manejo da fertilidade
da cultura do arroz irrigado por alagamento. Leandro Souza
da Silva comenta que o interesse por essa temática
surgiu nas primeiras disciplinas do curso de Agronomia, quando
recebeu um convite do professor Pedro Escosteguy para fazer
parte do grupo de pesquisa dele, em decorrência do desempenho
que obteve na disciplina ministrada pelo professor. Já
no doutorado iniciou algumas parcerias com o Instituto Rio
Grandense do Arroz (IRGA), local que atuou por alguns meses
antes de entrar na UFSM em 2002, assim acabou direcionando
suas pesquisas para essa cultura.
Relação
com a Ciência Rural
Seu primeiro contato
com o periódico científico foi como autor, sendo
seu primeiro trabalho publicado uma Nota produzida ainda na
época do doutorado. Atualmente, o docente possui 25
artigos publicados na Ciência Rural, nos quais parte
são derivados de seus próprios projetos de pesquisa
e outros são de parcerias que ocorreram com outros
grupos de pesquisa da UFSM. O pesquisador destaca os trabalhos
oriundos com os colegas do Departamento de Solos e com o professor
Ênio Marchesan do Departamento de Fitotecnia.
Em 2006 foi convidado
para aturar como Editor Associado da Revista na área
de produção vegetal. Era uma época
que as tramitações eram todas impressas e vinham
pelo Correio. Nos dias de reunião da equipe editorial,
geralmente às quartas-feiras, haviam as pilhas
de envelopes para cada Editor olhar, avaliar os pareceres
dos revisores e dar os encaminhamentos, lembra Leandro
Souza da Silva.
Nesse sentido,
ainda destaca como o periódico cresceu com a indexação
nos meios eletrônicos, pois possibilitou a publicação
de pesquisadores tanto de diversos lugares do Brasil, quanto
de pesquisadores do exterior, dessa forma contribuindo para
o reconhecimento e a internacionalização da
UFSM. Em 2011, foi convidado pelo professor Rudi Weiblen para
dividir as tarefas de Editor-Chefe. Ficou responsável
pela área vegetal, função que exerce
até hoje.
Quanto
a sua importância para mim, o que posso dizer é
que eu estou prestes a completar 20 anos de UFSM e já
são 15 anos colaborando diretamente com a revista.
Ela já faz parte da minha jornada profissional como
docente e pesquisador.
Contribuição
da ciência para a sociedade
O professor afirma
que a importância da pesquisa está na forma como
é usado o conhecimento gerado e adquirido ao longo
do tempo para providenciar à sociedade serviços
e soluções. Nesse viés, Leandro Souza
da Silva menciona com exemplo, as informações
e documentos produzidos por sociedades científicas,
junto a vários pesquisadores, nas atualizações
e recomendações técnicas da pesquisa
para cultura do arroz irrigado e no manual de clonagem e adubação
para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são
de suma importância para o sucesso do agronegócio
e setores envolvidos.
Quando questionado
se a ciência é valorizada nos dias atuais, o
pesquisador reflete sobre como o avanço da ciência
está em tudo na contemporaneidade, entretanto apesar
disso, a sociedade continua desigual.
Enfim,
parece que aquilo que já sabemos hoje seria suficiente
para termos uma vida muito boa, mas alguns setores da sociedade
e, principalmente, muitos governantes não entendem
como podemos usar a ciência para uma vida melhor e que
seja também social, econômica e ambientalmente
sustentável.
Eduarda de Medeiros Paz
Bolsista do Setor de Comunicação da Ciência
Rural
20/05/21
IRRIGA GLOBAL:
A AGRICULTURA CONECTADA

Tecnologia
desenvolvida em 1999, está presente em 18 países
e auxilia produtores rurais a alcançar uma irrigação
eficiente, poupando água e energia.
A Irriga Global,
empresa criada em 1999 na Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), é responsável pelo monitoramento e manejo
da irrigação de aproximadamente 300.000 ha,
em 42 tipos distintos de culturas. A atividade configura o
modelo da agricultura 4.0, que objetiva oferecer informações
essenciais e precisas ao produtor agrícola, guiando
suas decisões com assertividade e confiança.
A empresa é
uma das primeiras startups criadas em ambiente acadêmico
na UFSM. Hoje, sua tecnologia alcança as regiões
Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, além
de 17 países: Uruguai, Paraguai, Argentina, Estados
Unidos, Chile, México, Itália, Austria, Eslováquia,
Hungria, Sérvia, Romênia, Ucrânia, Rússia,
Turquia, África do Sul e Suíça.
Reimar Carlesso,
idealizador e CEO da Irriga Global nos conta que inicialmente
a ideia era desenvolver um aplicativo capaz de entregar informações
corretas de quando e quanto deveria ser irrigado, para diminuir
a utilização de recursos naturais e em consequentemente,
aumentar a produtividade. Em um cenário desprovido
de maiores tecnologias e com a Internet recém chegando
à cidade, este foi o primeiro projeto no Rio Grande
do Sul a instalar a rede de comunicação no meio
rural. Na época a conectividade era limitada,
então houve uma demora na expansão da tecnologia,
pois precisávamos de um desenvolvimento maior na rede,
comenta o CEO Reimar Carlesso.
Com o avanço
na tecnologia e a implementação de novos sensores
capazes de captar e gerar informações em tempo
real, o aplicativo desenvolvido pela Irriga tornou-se fundamental
à agricultura gaúcha e brasileira, ganhando
adesão por grande parte dos produtores rurais. Em 2014
a empresa recebeu do governo suíço a proposta
de ampliar o sistema em escala Europa. Este foi o princípio
da expansão dessa tecnologia para o mundo todo.
O aplicativo desenvolvido
na década de 90, é aprimorado constantemente,
ao passo da evolução tecnológica. Após
sua expansão viabilizou-se o monitoramento com a utilização
de estações de campo, que coletam em tempo real
os dados de precipitação/irrigação
e umidade do solo de cada uma das áreas monitoradas.
A plataforma também permite que o produtor receba todas
as informações por meio de mensagens eletrônicas
(SMS), WhatsApp ou e-mail.
COMO FUNCIONA
O MONITORAMENTO DA IRRIGAÇÃO:
A Irriga Global
recomenda diariamente a lâmina de água que deve
ser aplicada em cada área cadastrada na plataforma
e estima a necessidade de irrigação para os
próximos sete dias. A disponibilização
das recomendações é feita através
do site Irriga Global ou do aplicativo de mesmo nome. Além
disso, também é fornecida a previsão
de ocorrência de chuvas para os próximos dias.

Segundo Luan de
Ávila, Técnico em Agropecuária e Representante
Comercial da Irriga, é realizada uma coleta de informações
por pivô, utilizando a sonda FDR para captar informações
precisas sobre a porcentagem de umidade do solo, em 3 profundidades
diferentes. A FDR é uma técnica que contempla
as características para um equipamento que monitora
a água no solo. Posteriormente, são recolhidas
amostras do solo que são enviadas para análise
em laboratório. Através desse estudo, é
possível determinar o perfil de cada solo.

GESTÃO
DA ENERGIA EM TEMPO REAL
O sistema desenvolvido
pela Irriga permite a gestão da energia em tempo real
com o monitoramento diário de cada campo irrigado.
A partir dessa ferramenta torna-se possível a redução
de custos, eliminação de multas tarifárias,
e a priorização do uso da energia no horário
reservado, com base nos horários de tarifa reduzida.
Outras ferramentas
também estão disponíveis dentro da plataforma,
como o controle de aplicação de agroquímicos.
Ela oferece uma previsão das condições meteorológicas
para aplicação nas próximas 24h, tendo
em vista as condições variáveis de vento,
radiação solar, temperatura e umidade relativa
do ar.
A agricultura
4.0 trouxe muitas mudanças para os produtores rurais.
Segundo Reimar Carlesso: dar suporte aos agricultores
na tomada de decisão é fundamental. Por
isso, contar com a tecnologia proporciona a otimização
da produção e gestão agrícola
em diferentes estágios, aprimorando o controle, o monitoramento
e a forma de se trabalhar.
Tayline Alves
Manganeli
Bolsista do setor de comunicação da Ciência
Rural
12/05/21
Fenômenos
meteorológicos e a vulnerabilidade da Agricultura
O produtor
rural deve entender os fenômenos meteorológicos,
como se comportam e como podem ajudar, atrapalhar ou até
destruir a produção, para que assim se encontre
maneiras de amenizar ou até mesmo evitar os riscos

Quando falamos
sobre bom rendimento e produtividade no campo, a meteorologia
deve ser um dos maiores aliados do produtor rural. Isso porque
o clima é um dos fatores que mais impactam a produção
agrícola, seja ele qual for. A depender do clima, etapas
importantes como plantio e colheita podem ser atrasadas, por
exemplo, o que modifica todo o ciclo produtivo.
Nereu Streck,
professor da UFSM no departamento de Fitotecnia, possui graduação
em Agronomia e mestrado em Agronomia (Agrometeorologia) pela
UFSM e PhD em Agronomia (Agrometeorologia)
pela Universidade de Nebraska - Lincoln, USA. De acordo com
ele, a produção agrícola é altamente
vulnerável em relação a fenômenos
meteorológicos, e, por isso, agricultores e demais
profissionais das áreas rurais devem sempre estar de
olho na previsão do tempo, tão como buscar entender
mais sobre o assunto. Uma boa forma de fazer isso, é
procurar consultores e assistência técnica, para
assim aprimorar o desempenho das lavouras e produção
de animais.
Essas
são algumas boas estratégias para reduzir os
riscos, porém, não conseguimos eliminar o problema,
somente amenizá-lo. Uma alternativa mais efetiva também
é o seguro de lavoura, mas que ainda não é
muito usado no Brasil, principalmente pelo alto investimento
que requere, explica Nereu.
Outra importante
ferramenta que pode ser usada pelos profissionais rurais,
é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
O aparato auxilia a minimizar os riscos na agricultura relacionados
aos fenômenos climáticos e permite identificar
a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes
tipos de localidades, solo e ciclos de cultivares. Esses parâmetros
são analisados a partir de uma metodologia desenvolvida
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
e apoiada pelo Ministério da Agricultura. Assim, são
quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução
das lavouras que podem ocasionar perdas na produção.
Atualmente, os estudos de zoneamentos agrícolas de
risco climático já contemplam 40 culturas, sendo
15 de ciclo anual e 24 permanentes, além do zoneamento
para o consórcio de milho com braquiária, alcançando
24 Unidades da Federação.
Para ajudar ainda
mais o produtor, é importante também que ele
entenda os fenômenos meteorológicos, como se
comportam e como podem ajudar, atrapalhar ou até destruir
seu trabalho.
A temperatura,
por exemplo, pode causar a queima das folhas, caso esteja
muito elevada, acima de 35º. Além disso, também
faz com que a necessidade hídrica das plantas fique
elevada. Já quando temos temperaturas muito baixas,
a planta identifica uma fase de reserva de energia. Sendo
assim, ela paralisa seus processos, abortando a floração
e impactando seu ciclo reprodutivo significativamente. Em
climas muito frios, a produção vegetal pode
ainda congelar e consequentemente paralisar o seu processo
de crescimento.
As chuvas, como
já sabemos, causam grande influência no trabalho
agrícola. Podemos identificar três tipos desse
fenômeno: as orográficas, comuns em regiões
montanhosas, pelo bloqueio das massas de ar úmido por
parte do relevo; as convectivas, que ocorrem em todo o mundo,
advindas do calor, com curta duração e forte
intensidade; e as frontais, que ocorrem em função
do encontro entre massas de ar frio e quente.
Como podemos ver,
o fenômeno das chuvas é simples, mas traiçoeiro.
As recentes mudanças climáticas têm afetado
suas frequências e forças. Além disso,
enquanto, por exemplo, o trigo vem a sofrer com o excesso
de água, o complexo hortifrutigranjeiro é impactado
com a falta. Por isso, é preciso, além de investir
na redução dos impactos, adaptar as culturas
às condições mais favoráveis ao
seu desenvolvimento. A tecnologia tende a ser uma boa saída
nesse caso.
Para Nereu, os
produtores agrícolas devem ficar também atentos
aos ventos. Dependendo de sua força, às vezes
até se escalando para vendavais, os prejuízos
à lavouras e produção de animais podem
ser catastróficos. Isso porque não existe uma
proteção a se fazer em grande escala para resguardar
a lavoura por exemplo. Em ventos mais amenos, uma opção
é usar um quebra-ventos, uma barreira vegetal usada
para proteger as plantas contra a ação de ventos
fortes, além de proporcionar um ambiente favorável
à produtividade das lavouras e dos animais. Porém,
não é sempre que isso é suficiente.
Em ventos
mais velozes, como os vendavais, o quebra-ventos possui pouca
eficiência, fala Nereu.
Outros fenômenos
meteorológicos que causam importantes impactos na produção
rural são: a luminosidade, chuva de granizo e umidade
do solo. Como disse Nereu Streck, por conta da agricultura
ser extremamente vulnerável em relação
aos efeitos e fenômenos meteorológicos, é
fundamental que os profissionais das áreas rurais e
agrárias se especializem no tema, busquem consultorias
e assistências. Dessa forma, será possível
que se planeje e programe a sua produção rural,
evitando assim vários riscos de atrasos e destruição
do trabalho feito.
Elisa Dessbesell
de Campos
Bolsista de Comunicação da Ciência Rural
22/04/21
Perfil do
Cientista:
Enio Marchesan
é Professor do Departamento de Fitotecnia do Centro
de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa
Maria (CCR/UFSM) e conta um pouco da sua trajetória
acadêmica para a Ciência Rural.

Enio Marchesan
é Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), em 1977. Marchesan começou
sua trajetória na pesquisa científica através
de trabalhos encaminhados para reuniões técnicas
de culturas agrícolas e para congressos. "Considero
muito importante os pesquisadores apresentarem os seus projetos
e resultados nesses eventos, pois incentiva quem está
começando a continuar na área, permitindo também,
muitas vezes, a ter o nome em trabalhos publicados, já
no início da vida acadêmica.", destaca Enio.
Foi assim que surgiu seu gosto pela pesquisa.
Em 1979, ingressou
para o Mestrado em Fitotecnia na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Já em 1988, começou o
doutorado em Fitotecnia na Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, uma unidade da Universidade de São
Paulo (USP/ESALQ), o qual finalizou em 1991. Hoje em dia,
leciona as disciplinas de graduação em Agronomia
e no programa de pós-graduação em Agronomia
do Departamento de Fitotecnia da UFSM.
A Fitotecnia é
um ramo dentro das ciências agrárias, a qual
consiste em estudar o crescimento e a melhor produção
possível de plantas. Ou seja, o objetivo é otimizar
as culturas com o aumento de produção e o rendimento
de cada cultivar. Segundo Enio Marchesan, a sua linha de pesquisa
é ampla, já que atua em ambientes de terras
baixas, de áreas de várzea ou de áreas
de arroz. "Os principais trabalhos que desenvolvi em
minha trajetória são relacionados ao cultivo
de arroz", explica Enio. "No entanto, trabalhei
com outros tipos de grãos, como canola, girassol, sorgo,
milho, soja e entre outros.".
Relação
com a Ciência Rural
Marchesan possui
diversos trabalhos publicados na Revista Ciência Rural
e afirmou que a relação com o periódico
começou a partir do mestrado. "Nessa etapa da
vida acadêmica dos pesquisadores, é necessário
conhecer os princípios da pesquisa científica,
como a metodologia e tudo que está envolvido no procedimento
de um trabalho apto para ser publicado em revistas científicas
da área.", explica o Engenheiro Agrônomo.
Ademais, o Enio enfatizou como a revista cresceu em nível
de qualidade, visto que precisava se equiparar com outras
nacionais e internacionais e por isso, os pesquisadores tiveram
a oportunidade de crescer junto com ela.
Contribuição
da ciência para a sociedade
O pesquisador
é membro do Grupo de Pesquisa em Arroz Irrigado e Uso
Alternativo de Áreas de Várzea (GPAI/UFSM),
o qual desenvolve projetos para potencializar o uso cada vez
mais intensivo e sustentável das áreas de arroz,
por exemplo, a produção sem uso de defensivos
como alternativa de mercado. Enio afirmou que o grupo tem
muito a contribuir para a sociedade, "buscando o bem-estar
dos diferentes atores e segmentos envolvidos, como o produtor,
atender as demandas do mercado, o que os consumidores desejam
e focar em um sistema de produção que proteja
os solos, os recursos naturais e o ambiente.".
Além disso,
o engenheiro agrônomo acredita que a ciência é
valorizada hoje, mas ainda existe uma falta de comunicação
entre a sociedade e os cientistas. "Nós temos
que nos comunicar melhor com a sociedade nesses aspectos,
demonstrar essa importância, como é que a ciência
é produzida e como afeta o dia a dia das pessoas".
Neste sentido, obter mais conhecimento através dos
recursos disponíveis, como os periódicos científicos,
de acordo com Marchesan é uma maneira de capacitar-se
para oferecer alternativas e para interpretar os problemas
propostos e ajudar os diversos segmentos da sociedade.
Por Eduarda
de Medeiros Paz
Bolsista do Setor de Comunicação da Ciência
Rural.
19/04/21
AVANÇOS NA PRODUÇÃO
AGRÍCOLA: A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA PARA CRIAR MELHORES
CONDIÇÕES NO CAMPO

Profissionais da área
devem conhecer as novas demandas tecnológicas, pois
a modernização no campo não para e a
competitividade no mercado é alta.
Por muitos anos,
trabalhadores agrícolas carregaram o trabalho da produção
de alimentos e derivados nas costas, sem a ajuda de materiais
inovadores. Com o avanço da globalização
e da tecnologia, hoje, esses profissionais podem contar com
diversos facilitadores não só para produzir
mais, como também para produzir melhor.
Dessa forma, é
fundamental que os profissionais da área (consultores
agrícolas, produtores rurais e gestores da agroindústria)
se especializem, busquem consultoria e conheçam as
novas demandas tecnológicas, pois a modernização
no campo não para e a competitividade no mercado é
alta.
Alexandre Monteiro
Chequim é Engenheiro Agrônomo pela UFSM e CEO
da DigiFarmz Smart Agriculture. A empresa, por meio de estudos
especializados, realiza indicações para produtores,
agrônomos e consultores sobre o manejo fitossanitário
das doenças da soja. A plataforma digital combina dados
de pesquisas, informações climatológicas,
genética de cultivares, datas de semeadura, local e
outros parâmetros, para assim garantir uma produção
de soja de maior qualidade.
Para Alexandre,
há hoje uma demanda muito expressiva de aumento de
alimentos para a população. Como essa geração
toda de alimentos não pode passar pelo aumento das
áreas, a tecnologia entra para ajudar.
Temos que
otimizar cada vez mais o uso da área para prover mais
alimentos e derivados com uma eficácia muito maior,
e assim também impactando menos o meio ambiente, e
usando menos recursos e químicos explica o Engenheiro
Agrônomo.
Thomas Newton
Martin, Agrônomo e Professor do departamento de Fitotecnia
da UFSM, explica que essa tecnologia deve estar alinhada com
os princípios de sustentabilidade.
Seja ela
econômica, e então aumentando a produtividade,
maior retorno financeiro, menor custo e consequentemente maior
retorno do capital investido; social, facilitando o dia a
dia do manejo e das práticas nas culturas que a propriedade
se dedica; ou ambiental, evitando com que hajam contaminações
do solo e das águas subterrâneas, bem como poluição
do ar, completa o Professor.
Bom, e quais são
as principais inovações tecnológicas
que auxiliam o produtor rural? Thomas analisa que a mais impactante
é a utilização de microrganismos capazes
de fixar nitrogênio, solubilizar fosfatos, inibir doenças
radiculares, estimular a produção de fitormônios
e reduzir a incidência de doenças. Além
disso, os produtos biológicos à base de Bradyrhizobium,
Azospirillum, Bacillus, Pseudomonas e Trichoderma, estão
proporcionando uma revolução social, ambiental
e econômica na produção de grãos.
Também
é importante lembrar que são diversas áreas
da tecnologia moderna que atuam junto ao campo atualmente.
Algumas delas são:
-Biotecnologia:
A tecnologia torna a produção mais eficaz. Permite
identificar e selecionar genes de interesse, obtendo características
agronômicas positivas como tolerância a clima
adverso, resistência a doenças e outras necessárias
para diminuir perdas e ter altas produtividades. Também
possibilita a criação de organismos geneticamente
modificados (OGMs).
-Tecnologia
de Mecanização Agrícola:
Essa tecnologia introduziu tratores guiados por GPS, GNSS
(sistema de navegação global por satélite),
sistemas de irrigação controlados por telemetria,
sensores e drones que conseguem identificar pragas e doenças.
Com isso, vemos aumento da produtividade, redução
dos custos de produção, colheitas com operações
mais rápidas e eficientes, maior determinação
nas decisões com base em informações
meteorológicas, dados do solo, localização
geográfica etc.
-Internet das
Coisas (IoT):
Aqui falamos de sensores, satélites, aplicativos, inteligência
artificial. O princípio é a conexão de
dispositivos, objetos e serviços por meio da internet,
utilizando seus padrões e suas tecnologias. É
um dos pilares para a agricultura de precisão, pois
consegue integrar diversas informações do campo,
como localização geográfica, previsões
meteorológicas, dados do solo e dados das máquinas
em atividade. Com essas informações, dependendo
do que o solo precisa, da máquina, ou da previsão
meteorológica, o agricultor consegue tomar decisões
mais rápidas e melhores que impactam diretamente nos
resultados.
-Agricultura
de Precisão:
Utilização de aparelhos tecnológicos
avançados para analisar de forma precisa as condições
das áreas de atividades agronômicas baseada no
princípio da variabilidade do solo e clima. A partir
de dados específicos de áreas geograficamente
referenciadas, é implantado o processo de automação
agrícola, e os adubos e agrotóxicos são
dosados. Assim, é possível identificar a diversidade
espacial e temporal no campo. Em consequência, temos
melhorias no manejo das culturas, menos contaminação
dos solos das áreas produtivas, aperfeiçoamento
do uso de insumos agropecuários, redução
dos custos de produção e aumento de produtividade.
30/03/21
Horst Wißdorf;
Hassen Jerbi; Miriam Meier-Schellersheim. 2021. Anatomical
Differences of the Donkey, Mule, and Horse. An Analysis Relevant
to Veterinary Medicine. 144 pp. ISBN 978-3-8316-4873-3.
Utzverlag GmbH, München.

Este livro é
o primeiro trabalho a descrever a anatomia aplicada das espécies
domésticas da família Equidae. Durante a furtividade,
os burros tiveram grande importância econômica
como animais de carga em muitos países montanhosos,
em minas e em áreas inacessíveis. Nos últimos
anos, muitos burros foram mantidos como animais de estimação
nos países ocidentais e usados para fins recreativos
e turísticos. Em nossa região, esses animais
são os mais comuns em algumas partes da Argentina e
recentemente seu número aumentou no Uruguai. A mesma
forma de cruzamentos com o cavalo (mulas, hinnies) está
presente na região. Todos esses animais precisam de
assistência veterinária e para enfrentar esses
desafios você não precisa de um conhecimento
anatômico sólido, ser capaz também de
saber as diferenças entre burros, mulas e cavalos.
Atualmente, além
da escassez de livros sobre anatomia de burros e mulas, não
existe nenhum livro que contemple as espécies citadas
de forma comparativa, por isso é importante que este
tipo de bibliografia apareça.
Esta edição
em inglês corresponde à tradução
do original que apareceu no passado, intitulado: "Unterschiede
in der Anatomie von Esel / Muli und Pferd Eine veterinärmedizinisch
Zusammenstellung".
Este livro foi
produzido por especialistas em anatomia de cavalos, como o
Prof. Horst Wissdorf, que de 1972 a 1996 foi diretor do Departamento
de Embriologia e Anatomia Aplicada da Universidade de Medicina
Veterinária de Hannover. Wissdorf é também
autor de um dos melhores livros sobre anatomia e profecia
de cavalos: "Praxisorientierte Anatomie und Propädeutik
des Pferdes". No livro que apresentamos, com a ajuda
de um dos melhores anatomistas do momento, o Prof. Hassen
Jerbi da Tunísia, que realizou a maior parte das dissecações
que surgiram em minha mente.
O objetivo do
livro é descrever as diferenças anatômicas
por meio de descrições concisas, juntamente
com fotos de animais e espécimes vivos. Este livro
contém 144 páginas distribuídas em 16
capítulos (disponíveis na versão impressa
e em pdf) nos quais são descritos todos os artifícios
e sistemas do burro e da mula, marcando as principais diferenças
com o cavalo.
Para os interessados
em pesquisa, uma literatura para cada capítulo é
fornecida no final do livro. O texto, muito breve, é
profusamente ilustrado, destaca todas as diferenças
de Importância Veterinária, entre outras: a inserção
de uma sonda nasogástrica; injeções e
extrações de sangue da veia jugular externa;
a pele como órgão; diferença nos sinais
vitais, como temperatura, batimentos cardíacos e frequência
respiratória, etc.
O livro complementa
de forma significativa o conhecimento contido em livros especializados
em anatomia, propedêutica e clínica de cavalos,
e não apenas relevantes para veterinários e
estudantes de veterinária, mas também de interesse
para proprietários e criadores. Portanto, é
um complemento ideal na biblioteca de qualquer um deles.
William Pérez
Unidad Académica de Anatomía, Facultad de Veterinaria,
Universidad de la República, Montevideo, Uruguay.
vetanat@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-9647-4731
23/03/21
CULTIVAR
PLANTAS AJUDA A DIMINUIR O ESTRESSE E ANSIEDADE DURANTE A
PANDEMIA
Com plantas em casa, podemos cultivar paciência e
esperança em dias melhores

Professora Daniela Simão também apostou no cultivo
das plantas em sua casa
Cuidar da saúde
física e mental sempre foi indispensável para
manter a qualidade de vida. Durante a pandemia e o consequente
isolamento social, ampliar esses cuidados tornou-se ainda
mais importante. As plantas foram grandes aliadas para quem
buscou um passatempo, uma forma de amenizar a solidão
ou deixar a casa mais colorida e acolhedora.
Ter plantas em
casa é uma maneira de estarmos em contato direto com
a natureza, o que por si só, já proporciona
sensações de bem estar e relaxamento, afirma
a bióloga e professora da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM), Daniela Simão. Em conversa com a Ciência
Rural, ela ressalta que estudos científicos demonstram
há vários anos que o contato diário com
plantas, previne uma série de problemas de saúde,
como diabetes, obesidade e problemas cardíacos, bem
como, auxilia nos casos de depressão e ansiedade, melhorando
a qualidade de vida e saúde física, mental e
emocional.
Isso se explica,
segundo a professora, porque durante a atividade as pessoas
se mantêm focadas somente no que estão fazendo.
Utilizando os sentidos, especialmente visão, tato e
olfato, essa prática melhora também a concentração
e a capacidade de atenção. Benefícios
físicos também podem ser notados. A bióloga
cita a redução da frequência cardíaca,
a melhora no sistema imunológico e habilidades motoras.
Acredito também que, ao acompanharmos o ciclo
de vida das plantas (germinação, desenvolvimento
das primeiras folhas, flores e frutos), podemos desenvolver
também a paciência e, por que não, a esperança
em dias melhores, complementa.
Estatisticamente,
houve uma maior procura pela compra de plantas, o que foi
notado por quem trabalha no ramo. Hazael de Almeida, coordenador
do setor de Floricultura do Colégio Politécnico
da UFSM, integra a Floricultura Floresce - a única
floricultura escola do Brasil, e nos afirma ter notado uma
crescente busca por espécies que podem ser cultivadas
em casa. Ele nos relata que o setor também precisou
se reinventar. Como a floricultura situa-se dentro da Universidade
e fica fechada durante a pandemia, a forma de continuar a
atividade de comercialização das plantas é
através da Polifeira, uma feira localizada
na Avenida Roraima, em Santa Maria RS.
Ao longo dos 12
primeiros meses de pandemia no Brasil, as vendas desse setor
tiveram um crescimento de 30% a 35%, conforme nos informa
Walter Luis Winge, Presidente da Associação
Rio-Grandense de Floricultura AFLORI. Segundo ele,
a comercialização de plantas aumentou após
a Páscoa, em abril de 2020, quando de fato a maioria
das pessoas isolou-se em casa. A partir de então, até
fevereiro de 2021, houve um aumento de cerca de 40% na procura
de plantas se relacionado aos meses do ano anterior.
Além de
auxiliar o comércio local, cultivar durante a pandemia
é uma atividade terapêutica e recreativa, podendo
ser contemplada em qualquer idade. A professora Daniela Simão
recomenda que essa atividade pode e deve ser incentivada por
pais e professores, já que desenvolve inúmeras
habilidades, como a coordenação motora, a concentração
e criatividade. A criança pode aprender não
apenas sobre as plantas, mas também sobre outros seres
vivos ao seu redor, como fungos e bactérias que habitam
o solo, insetos e outros animais que podem visitar as flores.
A atividade também
promove a aproximação familiar, através
do compartilhamento de responsabilidades e tarefas entre pais
e filhos. Neste caso, é importante selecionar a espécie
adequada, evitando plantas que podem causar intoxicações
sérias em crianças menores e em animais de estimação.
Em relação
aos cuidados com as plantas, a bióloga relembra que
toda espécie precisa de cuidados básicos como
luminosidade, água e nutrientes, sendo que cada uma
tem a sua necessidade particular. Ela recomenda que no caso
de não possuir muita experiência, a dica é
sempre consultar um profissional da área que vai poder
lhe indicar a planta adequada para seu ambiente.
Sua recomendação
é das plantas suculentas, que são de fácil
manutenção, com regas mais espaçadas,
embora precise de locais que recebam luz solar direta, pelo
menos por 4 horas diárias, de preferência no
início ou final do dia. Para ambientes menos iluminados
- como os apartamentos, são recomendadas as chamadas
folhagens, pois não necessitam que a luz incida diretamente
sobre ela, sendo suficiente apenas uma boa claridade.
O interesse por
essa atividade, também resulta na criação
de mini-hortas, proporcionando uma alimentação
mais saudável a quem adota essa prática. Conforme
orienta a professora, salsinha, cebolinha, manjericão,
hortelã e capim-cidreira são relativamente fáceis
de serem cultivados em residências, mesmo em apartamentos
- embora necessite de luz solar direta para um melhor desenvolvimento,
e podem dar aquele toque saboroso e saudável nas refeições
diárias.
Cuidar de plantas
foi outra grande (re)descoberta da humanidade durante a pandemia,
período que estamos tão longe uns dos outros,
mas tão próximos de si mesmos. Permitir-se viver
momentos de relaxamento e distração com certeza
podem auxiliar a enfrentar esse momento tão delicado.
Por Tayline
Alves Manganeli
Bolsista do setor de comunicação da Ciência
Rural
22/03/21
PERFIL DO
CIENTISTA: JULIANA CARGNELUTTI

Juliana Felipetto
Cargnelutti é Professora Adjunta do Departamento de
Medicina Veterinária Preventiva (CCR/UFSM) e conta
um pouco da sua trajetória no meio acadêmico
para o nosso Perfil do Cientista.
Juliana Felipetto
Cargnelutti possui graduação em Medicina Veterinária,
concluída em 2008, pela Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM). Logo após, ingressou no mestrado na mesma
instituição, finalizando em 2010. Diante disso
começou o doutorado e em 2013, iniciou o pós-doutorado
pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina
Veterinária da UFSM, com foco em Medicina Veterinária
Preventiva/Virologia Veterinária, com término
em 2018. Ainda na graduação começou a
se interessar pela área da pesquisa científica,
assim ingressou em grupos de pesquisa. Foi bolsista de iniciação
científica (PIBIC-CNPq) na área de patologia
clínica e, além disso, atuou na área
de medicina veterinária preventiva. Com essas experiências,
Cargnelutti percebeu que gostaria de seguir no campo da docência
e buscou aperfeiçoar-se no âmbito acadêmico,
o qual atua hoje.
A pesquisadora
é responsável pela disciplina de Doenças
Infectocontagiosas dos Animais Domésticos, coordena
o Laboratório de Bacteriologia, orienta alunos no Programa
de Pós-graduação em Medicina Veterinária/UFSM
e no Programa de Residência na Área Profissional
da Saúde em Medicina Veterinária, e também
é editora associada da Ciência Rural.
Sua área
de pesquisa é a de Doenças Infectocontagiosas
dos Animais Domésticos. Por muitos anos, ressalta a
pesquisadora, trabalhou na área de virologia veterinária
e, após ingressar na UFSM como docente, começou
a trabalhar também com doenças bacterianas dos
animais domésticos, tanto em pesquisas relacionadas
ao diagnóstico dessas doenças, quanto em medidas
preventivas e na busca de métodos alternativos para
o tratamento de doenças bacterianas causadas por bactérias
multirresistentes aos antibióticos.
Relação
com a Ciência Rural
Como já
mencionado antes, Cargnelutti é editora associada da
Revista. Atua, em especial, na área de doenças
infectocontagiosas dos animais, mas também contribui
com as atividades dos professores e editores-chefe Rudi Weiblen
e Leandro Souza na parte administrativa.
Sua relação com a Ciência Rural começou
ainda como aluna de graduação. Questionada se
lembrava de seus primeiros trabalhos publicados no periódico,
Juliana relembra que foi como aluna de iniciação
científica, nos quais foi co-autora de três artigos.
Já, como autora principal, um dos seus primeiros artigos
publicados na Revista foi em 2014 e possui o título,
Pseudovaríola e estomatite papular em bovinos
no Estado de Rondônia, Brasil. Entre os trabalhos
publicados como co-autora e autora principal, a pesquisadora
possui 10 trabalhos na Ciência Rural. A Revista
CR tem grande importância na minha vida profissional,
pois além de ser um excelente local para a publicação
dos resultados das pesquisas realizadas pelo nosso grupo,
é um local de formação como editora e
como avaliadora de artigos científicos, relata
Cargnelutti.
A valorização
da ciência
Qual a importância
da ciência para a sociedade? Cargnelutti evidencia que
toda a pesquisa tem o objetivo de trazer respostas, aperfeiçoar
métodos e produtos e até mesmo preencher lacunas
para questões relevantes à sociedade. A
situação da pesquisa, tanto no Brasil quanto
no mundo, melhorou muito, mas no Brasil ainda não se
dá o devido valor a essa atividade. Então, ainda
é necessário maior investimento nessa área
e a valorização dos pesquisadores e dos alunos,
porque é através dos estudos e pesquisas científicas
que conseguimos evoluir em todos os setores.
Nesse contexto,
a divulgação científica realizada pelo
periódico é de suma necessidade para os avanços
de pesquisas. A Revista Ciência Rural contribui
para a valorização da ciência, pois é
um periódico amplo, o qual permite publicar pesquisas
das diferentes áreas das ciências agrárias.
Além disso, ainda ressalta que a Revista está
indexada em diferentes plataformas de pesquisa, e que atualmente
publica apenas em inglês, o que permite uma maior visibilidade
dos trabalhos., destaca Juliana.
Por Eduarda
de Medeiros Paz
Bolsista do Setor de Comunicação da Ciência
Rural
08/02/21
VACINAS CONTRA
A COVID-19: SÃO SEGURAS? COMO ELAS AGEM NO ORGANISMO?
Em andamento desde
o dia 20 de janeiro, a vacinação contra a Covid-19
no Brasil ainda permanece lenta. Falta de vacinas e insumos
para a fabricação das mesmas são apontados
como maiores problemas.
O calendário
marcava o dia 1º de dezembro de 2019, quando foi diagnosticado
o primeiro caso de ser humano infectado com coronavírus.
Desde então, esse novo vírus assombra bilhões
de pessoas causando a
COVID-19, doença que apresenta um quadro clínico
variável, podendo apresentar desde infecções
assintomáticas até os quadros mais graves. A
busca pela cura é incessante. Ainda não foi
desenvolvido nenhum medicamento capaz de controlar o vírus
já presente no corpo, no entanto, métodos de
prevenção começaram a ser investigados.
Em outubro de 2020, o mundo presenciava cerca de 200 propostas
de vacinas em testes. Destas, 44 chegaram aos estudos clínicos,
que consiste na a experimentação em humanos,
e apenas um grupo de 10 projetos atingiu a terceira fase.
Quatro meses depois, a longa caminhada para a imunização
já alcança diversos países, através
de cinco principais vacinas: Coronavac, Moderna, Pfizer/BioNTech,
Sputnik V e AstraZeneca/Oxford.
Os dados fornecidos
pelo Consórcio de Veículos de Imprensa, no último
sábado (30), mostram que pouco mais de 2 milhões
de pessoas já foram vacinadas no Brasil, o equivalente
a 0,95% da população brasileira. Um número
relativamente pequeno, quando comparado ao total de casos
confirmados da doença, que atinge uma marca de mais
de 9,2 milhões. Os grupos que estão recebendo
a vacina incluem profissionais da saúde que atuam no
atendimento de pacientes com coronavírus, idosos que
vivem em lares de longa permanência ou acima dos 75
anos e indígenas.
Com a demasiada
atenção da mídia no entorno dos processos
para a aprovação do uso das vacinas, muito foi
questionado sobre a eficácia e sobre os efeitos colaterais
das mesmas. Um período marcado por diversas notícias
falsas, que atrapalham significativamente o trabalho de quem
propaga informações corretas. Muitos pensamentos
já foram desmentidos pelo programa Saúde
Sem Fake News, do Ministério da Saúde.
Ideias que defendem que a vacina causa câncer, transmite
o vírus HIV ou pode transformar o ser humano em um
réptil, já foram derrubadas através do
órgão máximo de saúde no Brasil.
Em entrevista
à Ciência Rural, o professor e virologista Eduardo
Furtado Flores explicou sobre a composição das
vacinas e como elas agem em nosso organismo.
Vacinas
como a Coronavac, utilizam o próprio coronavírus
inativado, acrescido de adjuvante (sais de alumínio),
que potencializa a reposta imune. Já as da Oxford/AstraZeneca
e Sputnik V, usam um adenovírus - um grupo específico
de vírus, de primatas que carrega e entrega os antígenos
do coronavírus no organismo da pessoa vacinada. As
do modelo Moderna e Pfizer, usam uma tecnologia ainda mais
inovadora. São compostas de RNA mensageiro (RNAm),
que codifica a proteína capaz de gerar imunidade. Todos
os modelos preveem a aplicação de duas doses
e somente cerca de 15-20 dias após a segunda dose,
podemos dizer que estamos adequadamente imunizados.
menciona o professor.
A resposta do
organismo à vacinação ocorre de duas
formas: o organismo pode preparar uma resposta humoral, formada
por anticorpos que irão combater o agente, caso o organismo
seja exposto uma segunda vez. Outra reação é
através de uma resposta celular, com a produção
de linfócitos-T (células que amadurecem para
atacar diretamente ou produzir substâncias para combater
o ataque ao invasor). Desta forma, as vacinas agem de modo
a simular o ataque do vírus e preparam o organismo
para uma infecção futura.
Ao nos vermos
tão próximos de sermos vacinados por completo
e voltar à normalidade, muitas dúvidas surgem,
como por exemplo, por quanto tempo ficaremos imunizados, após
tomar a vacina. De acordo com o professor Eduardo Flores,
esse período ainda não pode ser estimado, então
a resposta é incerta. É possível
que tenhamos que nos vacinar anualmente, caso o vírus
siga circulando na população., ressalta.
Em relação
a eficácia de cada vacina, a dúvida é
sobre qual a que mais protege. Segundo o professor, 50% de
eficácia já é capaz de desacelerar massivamente
a proliferação do vírus. Tendo em vista
isso, vacinas acima desse percentual, podem ser autorizadas
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Segundo dados publicados recentemente pelos órgãos
de saúde, os percentuais de eficácia de cada
vacina são:

Nenhuma vacina,
no entanto, é 100% eficaz. A da gripe, por exemplo,
é aplicada todos os anos e possui sua taxa entorno
de 60%. Para doenças infecciosas, o importante é
levar em conta a taxa de reprodução/transmissão
do vírus, também chamada de R0. Ela indica o
número de pessoas que são infectadas a partir
de uma pessoa infectada. No caso da Covid-19, esse número
varia de 2 a 3, isso representa que cada pessoa doente pode
transmitir o vírus para duas ou três pessoas,
e assim por diante.
Assim, é
compreensível que qualquer uma dessas vacinas possua
alto grau de sucesso. Em relação à Coronovac,
produzida pelo Instituto Butatan em parceria com a Sinovac,
da China, ressalta-se que outros números também
devem ser levados em consideração. Ela mostrou-se
50,38% eficaz contra o contágio do coronavírus,
ou seja, uma pessoa vacinada tem a metade das chances de contrair
a doença do que uma pessoa não-vacinada. Dos
outros 49,62% que podem ser contagiados, apenas 22% podem
precisar de assistência médica, sendo que 78%
desenvolverão poucos sintomas, como por exemplo, uma
leve dor de cabeça. No entanto, nenhum deles precisará
de internação hospitalar, pois a eficácia
em casos graves ou moderados é de 100%.
O Brasil é
um país exemplo em campanhas de vacinação
há várias décadas. No entanto, agiu de
forma diferente no combate à uma das maiores pandemias
da história. Segundo a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), se houvessem materiais necessários,
teríamos capacidade de vacinar 5 milhões de
pessoas por dia, através das 47 mil salas de vacinação
espalhadas pelo país. Isso significa que em menos de
dois meses, toda a população brasileira já
estaria imunizada.
O professor Eduardo
Flores já recebeu a primeira dose da vacina em Santa
Maria RS, por estar atuando como coordenador do diagnóstico
de COVID-19 na UFSM. Ao ser questionado sobre seu sentimento
em relação a sua vacinação, ele
nos diz que a vacinação representa um
triunfo da ciência sobre o atraso. No entanto,
nos faz um alerta: é imprescindível continuar
seguindo os protocolos de distanciamento social e de higiene,
pois além de não ter recebido a segunda dose
ainda, pouquíssimas pessoas já foram vacinas,
o que ainda representa um grande desafio pela frente..

Por Tayline Alves Manganeli
Bolsista do setor de Comunicação da Ciência
Rural
Link dos dados sobre o número de vacinados: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/breves/numero-de-pessoas-vacinadas-contra-covid-19-no-brasil-ultrapassa-2-milhoes/
14/12/20
PERFIL DO
CIENTISTA - CIÊNCIA RURAL

Oceanógrafo
Bernardo Baldisserotto
Com diversos
artigos publicados na Ciência Rural, Bernardo é
atualmente revisor do periódico. Em entrevista, o professor
e oceanógrafo nos contou sobre sua trajetória
acadêmica.

O ponto de partida
da trajetória acadêmica de Bernardo Baldisserotto
foi com a faculdade de Oceanografia Biológica, iniciada
em 1983, na Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Após
a conclusão do curso, Baldisserotto iniciou o mestrado
no ano de 1987 e o doutorado, quatro anos mais tarde, em Fisiologia
Geral, pela Universidade de São Paulo (USP). Logo após,
iniciou seu pós-doutorado em Fisiologia de Peixes,
em 2001, na MacMaster University, no Canadá.
Seu caminho enquanto
pesquisador científico iniciou através de um
estágio no Laboratório de Plantas Aquáticas
da FURG, quando ainda era graduando. Durante o estágio,
teve a oportunidade de participar de diversos estudos e experimentos,
exercendo, também, monitoria em Bioquímica e
em Fisiologia Animal Comparada.
O professor, quando
questionado sobre suas primeiras memórias com a pesquisa,
mencionou que recorda com clareza de seu primeiro estudo,
divulgado na Comparative Biochemistry and Physiology, enquanto
ainda era monitor na FURG. "Durante a graduação
uma pessoa marcou singularmente a minha trajetória
foi o professor da disciplina de Fisiologia Animal Comparada
na época, Euclydes dos Santos Filho. Ele estimulou
o meu crescente interesse para a fisiologia.", conta
Bernardo Baldisserotto. Dessa forma, já formado, direcionou
suas investigações para esta área, a
qual considera ser rica e abrangente, lhe permitindo vivenciar
muitas experiências.
Dentre as pessoas
que marcaram com carinho a trajetória do professor
está Dra. Olga Mimura, que foi a inspiração
para que Bernardo se aprofundasse na área de aquicultura.
Anos mais tarde, com o ingresso na Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM) e término do doutorado em Fisiologia
Geral, conseguiu o credenciamento no programa de pós-graduação
em Zootecnia.
RELAÇÃO
COM A CIÊNCIA RURAL
A relação
de Bernardo Baldisserotto com a Ciência Rural iniciou
em 1999, quando publicou seu primeiro artigo, com o título:
"Sobrevivência de alevinos de Jundiá (Rhamdia
quelen Quoy & Gaimard, 1824) à variação
de salinidade da água". Durante os experimentos
desta pesquisa, foram colocados cerca de 50 alevinos em tanques
de 250 litros, com circulação fechada, bio-filtro
e aeração constante. Nessas condições,
a sobrevivência dos alevinos foi observada ao longo
de 96 horas. "Os resultados demonstraram que o aumento
da concentração de sal causou uma elevação
da porcentagem de mortalidade e alteração do
comportamento alimentar. Através disso, o sal marinho
pode ser testado na prevenção ou tratamento
de doenças nos peixes.", explica o professor.
Nos vários
anos dedicados ao mundo científico, a análise
mais marcante para Baldisserotto foi a primeira com a temática
de anestesia de peixes, compondo o trabalho: "Anestesia
de jundiás com eugenol: tempo de indução,
resposta ao cortisol e análise sensorial do filé".
O artigo, publicado em 2010, identificou o tempo de indução
e recuperação anestésica dos peixes jundiás,
expostos ao eugenol - um forte antisséptico. A repercussão
do trabalho é comprovada através do Scopus,
que indica que este artigo foi mencionado cerca de 90 vezes,
servindo de referência para outros trabalhos científicos.
Atualmente, Bernardo
Baldisserotto, é autor e revisor da Revista Ciência
Rural. Associando a fisiologia à piscicultura, sua
principal linha de pesquisa baseia-se nas descobertas e no
uso de óleos essenciais de plantas como anestésicos
para animais aquáticos, bem como, promotores de crescimento
e antibacterianos em peixes. O pesquisador também desenvolve
trabalhos com abordagens em regulação iônica
de animais aquáticos, principalmente os peixes.
"No meio
científico, tenho sido reconhecido pelo meu trabalho,
o que me dá muita satisfação. Várias
das minhas pesquisas não têm uma aplicação
imediata porque são de fisiologia de peixes, mas os
mais aplicados à piscicultura, eu espero que de alguma
forma, estejam sendo aproveitados pela sociedade."
Comenta Bernardo, quando indagado sobre o reconhecimento que
recebe da sociedade. Com muitos anos de dedicação
e com 31 pesquisas publicadas no periódico da Ciência
Rural, professor Bernardo sente-se orgulhoso do trabalho prestado
à comunidade científica.
Por Tayline
Alves Manganeli
Bolsista do Setor de Comunicação da Ciência
Rural.
03/11/20
CIÊNCIA
RURAL SE REINVENTA
NA PANDEMIA
O Periódico Ciência Rural, existente desde
1971, está mudando as formas de comunicação
com seu público.

Com o objetivo
de alcançar o público-alvo de uma maneira mais
dinâmica, facilitando o entendimento dos artigos publicados
no periódico Ciência Rural, o setor de Comunicação
da revista está desenvolvendo um projeto de produção
de podcasts de divulgação científica.
Os episódios são produzidos por uma equipe composta
por três bolsistas de Comunicação Social
e uma Jornalista. Em cada episódio, são realizadas
entrevistas com os autores dos artigos e eles são orientados
a usar uma linguagem acessível, que possa ser entendida
por quem não é da área, facilitando assim,
um melhor entendimento da comunidade geral. Todas as etapas
são feitas de maneira remota. Depois de concluída
a gravação e edição, o episódio
é lançado na plataforma de streaming de músicas
Spotify. Por enquanto, a Ciência Rural produz uma edição
por mês, com uma duração média
de 8 minutos.
A Jornalista Maria
Luiza De Grandi, uma das responsáveis pela execução
do projeto, conta que os podcasts surgiram como uma alternativa
para difundir o conhecimento científico de forma fácil
e acessível durante a pandemia. Tendo em vista que
o rádio há vários anos oferece uma significativa
parcela de contribuição à sociedade,
ele serviu como base para as novas tecnologias, como os podcasts,
tão popularizados atualmente. Foi pensando nisso e
no fato de que a Ciência Rural possui uma considerável
fração de público internacional, que
os primeiros passos foram dados buscando usufruir dessa nova
e potente mídia. Assim, os episódios podem
ser ouvidos quando quiser e onde estiver, como afirma
a jornalista Maria Luiza.
A Ciência
Rural possuí um projeto em parceria com o Núcleo
de Tecnologia Educacional da UFSM (NTE), com a produção
de vídeos e reportagens presenciais. Com o atual período
de isolamento social, que nos impôs várias restrições,
os vídeos não puderam mais ser gravados. Assim,
a ideia da realização de podcasts veio como
uma alternativa. No entanto, com o tamanho sucesso e repercussão
das edições, Maria Luiza nos afirma que esse
novo método veio para ficar e continuará de
forma ativa pós-pandemia.
Rudi Weiblen,
Editor Chefe do periódico Ciência Rural, também
se mostra convicto acerca do ótimo resultado apresentado
pelo uso desse método inovador. Certamente os
podcasts vão alcançar um grande número
de ouvintes(...), o grupo de comunicação da
Ciência Rural está de parabéns, pois estão
conseguindo levar os trabalhos publicados através das
variadas mídias sociais, o que é muito importante
para transmitir a ciência ao público geral,
nos disse Rudi.
Os podcasts estão
disponíveis no Spotify e podem ser acessados através
do link: https://open.spotify.com/show/376cYsN6XSBBmc8lDbjmVx?si=vtmAbPGRQlKE8rtpQZ3rVw
Através
dessas iniciativas, portanto, a Ciência Rural expande
suas formas de chegar até seu público-alvo,
valorizando ainda mais a produção científica
e permitindo que os indivíduos tenham acesso a ela
de uma maneira fácil e prática, com uma linguagem
compreensível.
Por Tayline
Alves Manganeli
Bolsista do Setor de Comunicação da Ciência
Rural.
28/10/20
Ciência
Rural participa da 35ª Jornada Acadêmica Integrada

(Em 2020, JAI contou com sua primeira edição
no formato online)
A Jornada Acadêmica
Integrada (JAI), que promoveu sua 35ª edição
na semana passada, é um dos maiores eventos da universidade
e busca promover a iniciação dos alunos de graduação
e de pós-graduação no meio acadêmico.
Na última quinta-feira (22), ocorreu a apresentação
do trabalho "Divulgação científica
pelas ondas do rádio: a experiência do periódico
científico Ciência Rural" durante a Jornada
Acadêmica Integrada (JAI) da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM). O trabalho foi desenvolvido pela equipe
de comunicação da Ciência Rural, composto
pelas bolsistas Elisa Campos, Eduarda Paz, Francine Rodrigues
e a jornalista Maria Luiza De Grandi. A apresentação
se deu de forma remota, através de vídeo-chamada
e teve duração de 10 minutos.

(Elisa Campos durante sua apresentação na 35ª
JAI)
Representando
o time da Ciência Rural, a bolsista Elisa Campos, do
8º semestre de Jornalismo, apresentou o trabalho. Em
entrevista, Elisa conta que a oportunidade veio a somar na
sua rotina acadêmica e que todos os comentários
feitos pelos avaliadores foram extremamente válidos.
Durante a explanação, Elisa contou como a Ciência
Rural está expandindo suas estratégias de divulgação
científica, adentrando os mais variados meios de comunicação,
como é o caso do rádio, através da elaboração
de podcasts.
O Editor Chefe da Ciência Rural, Rudi Weiblen, ao conversar
com nossa equipe sobre a importância da realização
desse trabalho, destacou: "Achei muito importante a participação
do pessoal da comunicação, pois os podcasts
são extremamente relevantes, tendo em vista que o entendimento
dos artigos não é muito fácil por parte
dos leitores". O sucesso da apresentação
na JAI vem a servir, de agora em diante, como estímulo
para a realização de um trabalho cada vez mais
eficaz. Os podcasts vieram reinventar a Ciência Rural
e como nos afirmou o editor chefe Rudi: "esse é
o novo formato de levar ciência à comunidade
em geral".
Por Tayline
Alves Manganeli
Bolsista do Setor de Comunicação da Ciência
Rural
31/07/20
Método
inovador mede o teor de clorofila nas folhas de milheto: Pesquisa
na Ciência Rural
Com o objetivo
de encontrar outras formas para medir a clorofila das plantas,
pesquisadores da Shanxi Agricultural University, em Jinzhong,
China, estabeleceram um método para detectá-la
em folhas de milheto em diferentes estágios de crescimento,
com base em dados hiperespectrais. Os resultados do estudo
foram publicados no artigo Estimativa do teor de clorofila
para folhas de milheto utilizando imagens hiperespectrais
e uma rede neural convolucional por atenção
no periódico Ciência Rural (vol. 50, no.
3). Métodos tradicionais de medir a clorofila consomem
muito tempo de trabalho, danificam as folhas das plantas e
não podem ser usados em grandes áreas. Por isso,
os pesquisadores desenvolveram essa nova forma de detecção
e utilizaram o método para folhas de milheto, forrageira
de clima tropical que apresenta boa qualidade nutricional
quando utilizada como alimento para aves, porcos e ruminantes.
Os parâmetros característicos foram extraídos
com base em informações espectrais e de imagem
e a análise foi feita com o teor de clorofila, para
seleção dos parâmetros característicos.

(Imagem: Pixabay)
Segundo o pesquisador
Xiaoyan Wang, com base nos resultados da pesquisa, um dispositivo
portátil de detecção de clorofila pode
ser projetado e implantado em máquinas agrícolas
no futuro, para monitoramento on-line do conteúdo de
clorofila das plantas. Para saber mais sobre a pesquisa, leia
o press release produzido Por Maria Luiza De Grandi, jornalista
do periódico Ciência Rural, e Xiaoyan Wang, Shanxi
Agricultural University, Jinzhong, China , clicando no link
abaixo. A Ciência Rural possui uma parceria de divulgação
científica com o ScieELO e, assim, publica press releases
no blog SciELO em perspectiva.
Confira:
https://pressreleases.scielo.org/blog/2020/06/01/metodo-inovador-mede-o-teor-de-clorofila-nas-folhas-de-milheto/#.Xx9WR-HPxPY
Elisa Dessbesell
de Campos
Estagiária de comunicação
A coloração
da semente de soja influência na sua qualidade: Pesquisa
na Ciência Rural
Com o objetivo
de avaliar a influência da presença de sementes
esverdeadas de soja em sua qualidade fisiológica, pesquisadores
da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e
da Universidade de Passo Fundo (UPF) realizaram o artigo Sementes
de soja esverdeada: efeito na qualidade fisiológica,
publicado no periódico Ciência Rural (vol. 50,
no. 2). Para a pesquisa, foram usados seis lotes de sementes
de soja da Cultivar com 0, 7, 8, 16 e 18% de sementes esverdeadas.
Com elas, foram feitos testes de primeira contagem de germinação,
condutividade elétrica, emergência em campo,
envelhecimento acelerado, índice de velocidade de emergência,
tetrazólio, comprimento, massa seca e curva de crescimento
de plântulas.

(Imagem de Joseano Graciliano
da Silva)
Depois das avaliações,
foi constatado que as sementes esverdeadas apresentam menor
viabilidade e vigor devido a maior deterioração,
pois a clorofila não degrada e reduz a qualidade fisiológica
de sementes de soja. Nas palavras do pesquisador Joseano da
Silva, se quantificado o número de sementes esverdeadas
no lote e observado que mais de 9% do lote apresenta sementes
esverdeadas, este deve ser descartado como sementes, ou seja,
não deve ser comercializado. Para saber mais
sobre a pesquisa, leia o press release produzido por Maria
Luiza De Grandi, jornalista do periódico Ciência
Rural, e Joseano Graciliano da Silva, agrônomo, Universidade
Federal de Pelotas , clicando no link abaixo. A Ciência
Rural possui uma parceria de divulgação científica
com o SciELO e, assim, publica press releases no blog SciELO
em perspectiva.
Confira:
https://pressreleases.scielo.org/blog/2020/06/05/a-coloracao-da-semente-de-soja-influencia-n
a-sua-qualidade/#.Xxbafp5KjIU
Elisa Dessbesell
de Campos
Estagiária de comunicação
02/06/20
"Meningioma
raro retrobulbar e de quiasma óptico em cão"
- Pesquisa na Ciência Rural
Pesquisadores
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) realizaram uma
pesquisa a partir do caso de uma cadela Dachshund, de 14 anos,
que apresentava um tumor raro na região retrobulbar
e no quiasma óptico. O caso chamou a atenção
dos pesquisadores para possíveis tumores na região
acometida, e os mesmos publicaram o artigo "Meningioma
raro retrobulbar e de quiasma óptico em cão",
na Ciência Rural (vol. 49, no. 7).

Ao chegar ao Hospital
Veterinário Universitário (HVU), a cachorra
apresentava sonolência, cabeça pressionando,
andar compulsivo, e circulando para o lado direito. Os profissionais
fizeram exames oftalmológicos, ultrassonográficos
e neurológicos que mostraram uma lesão multifocal.
A dona do animal optou pela eutanásia. Na necropsia,
foi constatado que se tratava de um tumor raro, na região
retrobulbar.
Para saber mais
sobre a pesquisa, assista o vídeo completo: https://ntetube.nte.ufsm.br/v/1588958839?fbclid=IwAR2KdSOR5O5XaRjsENAB_gh4Gq02l4MzVgVOh3ni8I6tDvhJ3E1w_wqC3j0
04/05/2020
CIÊNCIA
RURAL TRAZ INFORMAÇÕES SOBRE O COVID-19
Em meio à
pandemia do COVID-19, no Brasil e no mundo, a Ciência
Rural buscou trazer informações para os seus
visualizadores acerca do novo corona vírus. Assim,
entramos em contato com o professor e virologista, Eduardo
Furtado Flores, sobre algumas dúvidas recorrentes que
a comunidade tem referentes ao Covid-19. São três
vídeos dessa série e, nesse primeiro, o professor
comenta sobre a manifestação e o desenvolvimento
do vírus nos seres humanos.
Ele explica que a doença é respiratória
e que a contaminação ocorre pela boca, nariz
ou olhos. Os sintomas mais frequentes são: febre, tosse
seca, e fadiga ou cansaço muscular. Eventualmente pode
haver dor de garganta. Assista ao material completo nas redes
sociais da Ciência Rural.
Link: https://www.facebook.com/rural.ciencia/videos/2012706228873442/

Elisa Dessbesell
de Campos
Estagiária de comunicação
04/05/2020
CIÊNCIA
RURAL TRAZ INFORMAÇÕES SOBRE O COVID-19 - PARTE
2
Seguindo a série
de entrevistas com o professor e virologista, Eduardo Furtado
Flores, sobre dúvidas recorrentes que a comunidade
tem referentes ao COVID-19, conversamos sobre a virulência
do vírus comparado com outros coronavírus e
sobre qual a previsão de duração da pandemia.
Ele explica que nós temos mais dois ou três coronavírus
que causam resfriados comuns. Porém, esse novo coronavírus,
não é igual a esses outros. O COVID-19 é
um vírus que provavelmente passou de morcegos para
humanos e, sempre que vírus passam de uma espécie
para outra, ele tende a ser mais agressivo. Quer saber mais
sobre isso? Assista ao material completo nas redes sociais
da Ciência Rural.
Link: https://www.facebook.com/rural.ciencia/videos/264195034616528/
Elisa Dessbesell de Campos
Estagiária de comunicação
04/05/2020
CIÊNCIA
RURAL TRAZ INFORMAÇÕES SOBRE O COVID-19 - PARTE
3
Para finalizar
a série de vídeos com o professor e virologista,
Eduardo Furtado Flores, sobre dúvidas recorrentes que
a comunidade tem referentes ao Covid-19, perguntamos sobre
orientações para prevenir-se do Covid-19. São
algumas delas: evitar aglomerações; sempre que
tocar em um objeto potencialmente contaminado, fazer a higienização
das mãos com álcool em gel 70% ou água
e sabão e evitar levar as mãos ao rosto.
O virologista também alerta para que as pessoas fiquem
atentas para onde estão buscando informações.
É de extrema importância checar a veracidade
e fonte das informações que estão circulando
sobre o coronavírus. Segundo Eduardo Furtado, deve-se
levar em conta recomendações ditas por médicos
e profissionais da área, que entendem do assunto. Para
saber mais, confira o vídeo completo nas redes sociais
da Ciência Rural.
Link: https://www.facebook.com/rural.ciencia/videos/2380352258931098/
Elisa Dessbesell
de Campos
Estagiária de comunicação
04/05/2020
EM VÍDEO,
RUDI WEIBLEN EXPLICA SOBRE O PROCESSO DE SUBMISSÃO
DA CIÊNCIA RURAL
Em mais uma entrevista
com o editor-chefe do periódico da Ciência Rural,
Rudi Weiblen, conversamos sobre como submeter artigos científicos
na revista. Ele conta que é melhor que os trabalhos
sejam enviados em inglês, pois isso aumenta o número
de profissionais que irão avaliar o artigo.
O periódico possui um software que localiza os principais
avaliadores relacionados ao assunto do artigo ao redor do
mundo. Assim, os artigos selecionados para a Ciência
Rural são avaliados pelos melhores profissionais. Fala
também sobre a importância da carta ao editor,título,
objetivos e conclusão;

Para assistir
ao material completo, acesse o link a seguir: https://ntetube.nte.ufsm.br/v/1587047848
Elisa Dessbesell
de Campos
Estagiária de comunicação
27/04/2020
Neste vídeo,
o editor-chefe da Ciência Rural, Rudi Weiblen, conta
para nós um pouco da história da revista. Ele
explica o que motivou a criação da revista,
que na verdade surgiu de uma atualização de
um periódico que já existia na Universidade
Federal de Santa Maria. Confira!
Para assistir
ao material completo, acesse o link a seguir: https://ntetube.nte.ufsm.br/v/1585933537.
27/09/2018
Entre os dias
26 e 28 de setembro, acontece, em São Paulo, a conferência
SciELO 20 anos, que abordará as principais questões
conceituais, políticas, metodológicas e tecnológicas
sobre o estado da arte da comunicação científica.
Além disso, se discutirão as principais tendências
que estão moldando o futuro da publicação
científica aberta e os impactos dessas inovações
para os periódicos em Acesso Aberto de hoje, em especial,
os da Rede SciELO. O editor-chefe da Ciência Rural,
Rudi Weiblen, está presente no evento.

Na foto (da esquerda
para direita): Edemar Corazza, editor da Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Rudi Weiblen, Silvia Galetti, da revista Arquivos
do Instituto Biológico e Renato Paiva, do periódico
Ciência e Agrotecnologia.
18/09/2018
Gilson Volpato
ministra curso na primeira edição do Propague:
"A arte da redação científica"
Nos dias 10,11
e 12 de setembro, no Centro de Convenções da
Universidade Federal de Santa Maria, aconteceu o evento Propague:
A Arte da Escrita Científica, com o Professor Doutor
Gilson Volpato. O evento foi uma realização
da Editora UFSM e teve o apoio do Centro de Ciências
da Saúde e da revista Ciência Rural. Durante
os três dias foram abordados questões práticas
para a elaboração e publicação
de textos científicos, bem como discussões sobre
a educação e metodologia científica.
A reportagem da Ciência Rural esteve com Gilson durante
os dias de evento e disponibiliza aos nossos leitores duas
entrevistas em vídeo sobre redação científica.
Confira!
https://www.youtube.com/watch?v=5K5LoOprPOA&t=3s
https://www.youtube.com/watch?v=Nyg9hbrF33o
Quem é
Gilson Volpato?
O palestrante Gilson Volpato possui reconhecimento nacional
na área de redação científica.
Formado em Biologia pela 1978, em sua carreira científica
estudou fisiologia e comportamento animal e se dedicou paralelamente
ao ensino da redação científica e do
processo de fazer ciência. Ministrou seus primeiros
cursos em 1986 e contabiliza mais 1.000 cursos no Brasil e
exterior. Em 2017 se tornou cofundador e presidente do IGVEC,
Instituto Gilson Volpato de Educação Científica
(igvec.com), que visa difundir a mentalidade científica
para todo o sistema educacional, da pré-escola à
universidade, com desdobramento para toda a população.
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