Pó de Lua: “Para tirar a gravidade das coisas.”
Em agosto desse ano, a autora, publicitária e redatora Clarice Freire, natural de Recife, Pernambuco, lançou o livro “Pó de lua” com sua receita infalível “para tirar a gravidade das coisas”.
Leia maisAdaptações dos Clássicos Literários para o Teatro
As pesquisas apontam que a literatura está escassa. Existem fontes como o PISA e o IPL – Instituto Pró-Livro que indicam que a média de leitura dos brasileiros é considerada muito baixa. E coincidência ou não, a média de pessoas que comparecem ao teatro também é pouco significativa.
O número de adaptações literárias feitas para o teatro é menor ainda do que se imagina. Além dos Clássicos antigos (aqueles que os professores passam em aula no Ensino Médio, visando o Vestibular), outros que ainda se salvam do esquecimento nos palcos são os infantis.
Se uma plataforma não impede (e nem anula) a outra, as duas juntas podem muito bem se complementar. Mas as dúvidas sobre as adaptações teatrais ainda são tão relativas quanto a própria popularidade do teatro.
“Confundem teatro com liberdades, licenciosidades, glórias, paetês, retrato no jornal, riquezas”, já dizia a atriz brasileira de telenovelas e cênicas, Fernanda Montenegro. O teatro é confundido com produto de luxo no mercado e as adaptações são confundidas com figurinhas batidas de quem conhece a história de trás pra frente.
Em Debate filmado sobre a funcionalidade prática das adaptações das obras literárias para o teatro, o autor dramaturgo Paulo Rogério Lopes esclarece:
“Não é transpor uma obra para o palco, é recriar. Se for para transpor, deixe ela como literatura.”.
E qual é o significado desse depoimento? Uma adaptação é uma releitura de um clássico pré existente em formato literário (narrativo, poético, descritivo) para uma nova abordagem cênica (palco, cenário, figurino), uma nova interação. O autor adaptador tem que ser também um visionário para imaginar aquele mundo escrito em um visual e sonoro. É um novo espetáculo para um público que veio ver uma peça, e não ler um livro.
Embora isso não queira dizer que a plateia não espere bastante do que vai assistir, afinal, se ela escolheu aquele título em especial, ela espera um retorno desse tempo/dinheiro gasto. Quando gostamos de um livro, não desejamos ver a história “arruinada” com uma adaptação ruim.
Confira o vídeo onde Paulo Rogério e a diretora teatral Beth Lopes pontuam as dificuldades e as certezas do teatro adaptado:
Pesquisa online com estudantes anônimos de Porto Alegre e Santa Maria que estejam em processo de graduação (sem faixa etária definida), através de formulário na plataforma do Google Forms com a pergunta:
Comparando a frequência que você assiste adaptações da literatura para o Cinema e para o Teatro: as duas referências te atingem da mesma forma?
De acordo com as respostas, pode-se observar várias peculiaridades e sentimentos das pessoas sobre esses dois recursos. Destacam-se:
O que se pode deduzir é que o teatro desperta sim, a atenção e o fascínio do público. As pessoas confiam no bom trabalho cênico sem nem ao menos, muitas vezes, terem contato direto e frequente com esse meio.
Porque as pessoas apesar de acharem um ótimo programa, procrastinam e sabotam a ida ao teatro?
O que falta para essas pessoas às vezes é só um empurrãozinho cultural!
Na mesma pesquisa online foi feita uma pergunta direcionada aos atores Porto Alegrenses e Santa Marienses, indagando:
Como é a recepção do público para as adaptações de Clássicos Literários para os Palcos? (Funciona?)
Autores Clássicos que tiveram muitas das suas obras adaptadas:
- William Shakespeare
- Oscar Wilde
- Os irmãos grimm
- Bukowski
- Agatha christie
- Stephen King
- Mollière
Algumas vezes, a falta de intimidade e recepção dos palcos se deve a pouca divulgação das redes sociais e mídias massivas e escassez de conhecimento das vantagens e facilidades que atualmente as Empresas Teatrais estão oferecendo para aproximar o público popular. Conheça algumas e embarque na vivência do auto, comédia, drama, fantoche, ópera, infantil, musical, revista, tragédia e tragicomédia.
Texto: Francielle Fanaya Réquia – fanayafran@hotmail.com
Ilustrações Auxíliares e Tabelas: Francielle Fanaya Réquia – fanayafran@hotmail.com
Leia maisWeb-documentário nos bastidores do espetáculo
Com o avanço tecnológico é possibilitado a todas as linguagens e formas de produção audiovisuais uma grande gama de modificações e adaptações. Assim, com o avanço da internet e, principalmente, pela facilidade que o YouTube permite, podemos perceber o surgimento de vários outros segmentos de produção audiovisual, transpondo as perspectivas das produções profissionais dos meios tradicionais e impondo a estes meios uma necessidade grande de renovação. Com isso, podemos acompanhar uma grande mescla de conteúdo audiovisual, no qual é possível perceber o surgimento e sucesso de vídeos caseiros e profissionais, produções seriadas para web, vlogs sobre uma série infinita de temas, entre outros. Outra vertente que vem surgindo nos últimos anos é a produção de documentários voltados para a web, com um foco muito mais digital e produção diferente dos documentários elaborados para os meios tradicionais. Fernando Barbosa, professor do departamento de Ciências da Comunicação Social da UFSM, fala um pouco sobre o web documentário o seguinte:
“Na minha opinião esse é um cenário em constante modificação e muita coisa ainda vai mudar, principalmente com a chegada do Netflix e outras empresas que trabalham com conteúdos sob demanda. Um web documentário tem características muito semelhantes a um documentário “tradicional”, só leva em consideração algumas características e dinâmicas próprias da internet, como duração, linguagem mais dinâmica, condução da narrativa, etc.”
Durante o ano de 2014, Fernando orientou um trabalho experimental de conclusão de graduação no qual a temática principal se propunha a pesquisar acerca do tema e elaborar um produto audiovisual com linguagem de web-documentário.
“O trabalho discute essas variáveis de produção, assim como propõe uma produção interdisciplinar, misturando a linguagem teatral e audiovisual.”
O trabalho, denominado “Eu, Christiane F. – Web-documentário”, é uma produção conjunta com o espetáculo teatral “Eu, Christiane F.” montado pela acadêmica do curso de Artes Cênicas da UFSM Manuela Santiago. Entre seus objetivos está a divulgação do espetáculo que estreia em dezembro. Os acadêmicos criaram um perfil no Facebook, uma espécie de personagem que convida as pessoas a fazerem parte da sua rede de amizades e vai divulgando, quase que diariamente, conteúdo a respeito da peça.
“A partir do trabalho, discutimos fotografia, produção colaborativa, convergência das mídias e como potencializar este trabalho a partir das redes sociais e estratégias de divulgação. A linguagem ficou bem dinâmica e mistura olhares diversos, da atriz e personagem.”, diz Fernando.
No perfil criado para a personagem, é possível entender melhor essa dinâmica citada por Fernando, as publicações trazem fotos do universo da personagem com trechos do texto do espetáculo, assim como os vídeos que vão sendo publicados no YouTube todas as segundas-feiras e que são replicados pelo perfil. A personagem também interage com a sua rede de amizades, curtindo e compartilhando as publicações.
Vídeos-teaser:
O espetáculo, Eu, Christiane F. aborda a história do livro de mesmo nome, bestseller dos anos 1980 e que, mais tarde também foi adaptado para o cinema. Manuela afirma que o que mais a incentivou a montar Christiane F. não foi sua relação com as drogas e a prostituição, mas sim, quem ela era por trás do rótulo de “drogada e prostituída”.
“Quando falo para as pessoas que vou montar Christiane F., a maioria espera um espetáculo onde mostra muita “drogadição e prostituição”. Mas na verdade, tirei esse tema do foco principal da peça. Meu objetivo é mostrar o lado humano da personagem, e isso, foi e ainda é meu maior desafio. Como tirar de foco principal uma história em que há mais de 20 anos é um “marco da vida junkie”? É muito difícil desvincular e também muito arriscado”, avalia Manuela.
O espetáculo estreia no dia 09 de dezembro, no Teatro Caixa Preta (anexo do Prédio 40 – UFSM).
Texto: Hiorran Soares, Tania Avila
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